O governo do Iêmen e os rebeldes libertaram um novo grupo de prisioneiros neste domingo (16), no terceiro e último dia de uma troca de cerca de 900 detidos, em meio a negociações para pôr fim a mais de oito anos de guerra.
Cinco aviões com aproximadamente 200 presos de ambos os lados decolaram da capital, Sanaa, nas mãos dos insurgentes desde 2014, e de Marib, último bastião do governo no norte do país.
No total, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse que 869 prisioneiros foram libertados em três dias, graças ao acordo firmado em março na Suíça. O pacto foi concluído entre o governo, apoiado por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, e os huthis, apoiados pelo Irã.
No aeroporto de Marib, os prisioneiros embarcaram nos aviões do CICV. Alguns deles estavam em cadeiras de rodas e carregavam sacos de comida para quebrar o jejum do Ramadã, o mês sagrado muçulmano.
Em Sanaa, os combatentes huthis fizeram uma dança tradicional para dar as boas-vindas a seus companheiros.
A troca de prisioneiros começou na sexta-feira, com a libertação de 318 pessoas, incluindo o ex-ministro da Defesa e irmão do ex-presidente do Iêmen. Trata-se da maior troca desde a libertação de mais de mil presos em outubro de 2020.
- Negociações -
"Estes últimos três dias devolveram a alegria a muitas famílias dilaceradas pelo conflito", disse à AFP a assessora de imprensa do CICV, Jessica Moussan.
Entre os detidos libertados há apenas uma mulher, Samira March, presa cinco anos atrás pelas forças governamentais. Ela foi acusada de ter organizado ataques que causaram dezenas de mortos, segundo uma fonte do Executivo que pediu para não ser identificada.
"Ela foi libertada em troca de jornalistas detidos pelos huthis", disse o porta-voz da delegação do governo que negociou a troca, Majid Fadael.
A troca acontece em meio a crescentes esperanças de paz em um conflito que mergulhou o país em uma das piores crises humanitárias do mundo. Segundo a ONU, são centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados, além de epidemias, falta de água potável e fome aguda.
No ano passado, as partes fizeram uma trégua de seis meses. Embora não tenha sido oficialmente prorrogada após expirar, no início de outubro, a situação no terreno permaneceu relativamente calma.
As esperanças de um acordo de paz foram revividas nas últimas semanas, em meio a uma inesperada reaproximação entre Arábia Saudita e Irã em março.
Uma delegação saudita viajou para Sanaa na semana passada, junto com mediadores de Omã, para buscar uma extensão da trégua e lançar as bases para um cessar-fogo duradouro.
As discussões foram "positivas", e novas negociações são esperadas, quando o mês de jejum terminar, em alguns dias, disse no sábado o presidente do conselho político dos rebeldes huthis, Mahdi al-Mashat.
O Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita declarou, por sua vez, que as discussões "continuarão o mais rápido possível para conseguir uma solução política global".
* AFP