Ao menos 12 detentos morreram em tiroteios registrados em um presídio de Guayaquil, no Equador, informaram autoridades locais neste sábado (15), no mais recente episódio de violência mortal na principal cidade portuária do país.
Esta semana foram encontrados seis reclusos enforcados e três guardas foram assassinadas nas imediações do mesmo presídio, cenário de massacres recorrentes entre detentos provocados pela rivalidade entre grupos criminosos que lutam pelo controle do tráfico de drogas.
O Ministério Público do Equador informou, pelo Twitter, que iniciou uma investigação para "identificar os responsáveis pela morte de 12 pessoas privadas de liberdade (PPL) no interior da Penitenciária do Litoral, em Guayaquil", em um ato ocorrido "na tarde de sexta-feira".
O MP acrescentou que "realizou autópsias, reconhecimento de cadáveres, versões e outras diligências. Os corpos apresentam impactos de bala. Outras três PPL ficaram feridas e foram levadas a várias casas assistenciais de Guayaquil".
Na sexta-feira, correspondentes da AFP ouviram tiros dentro do presídio, também chamado de Guayas 1, e fizeram imagens aéreas nas quais foi possível ver cinco corpos estendidos no chão da penitenciária, cenário dos piores massacres carcerários registrados no Equador desde fevereiro de 2021.
O SINAI, organismo encarregado das prisões, detalhou que presos de quatro dos 12 pavilhões que integram a penitenciária envolveram-se nos confrontos com "armas de fogo".
À noite, policiais e militares retomaram o controle do presídio, que abriga cerca de 6.800 pessoas e integra este grande complexo penitenciário de Guayaquil.
"Estamos no pior momento de crise de violência do país", disse o ministro da Defesa, Juan Zapata, durante entrevista, na sexta, à Teleamazonas.
Quadrilhas de narcotraficantes disputam violentamente o negócio das drogas e usam os presídios como centros de operações. Dentro e fora das prisões, a violência não dá trégua.
Segundo Zapata, o Equador tem mais de dez grupos do crime organizado vinculados a cartéis mexicanos como o de Sinaloa.
O confronto entre narcotraficantes deixou mais de 420 detentos mortos desde 2021. Em setembro deste ano, cerca de 120 reclusos morreram no presídio Guayas 1, no maior massacre carcerário do Equador e um dos mais sangrentos da América Latina.
Nas ruas, o medo se impõe: homicídios, tiroteios, atentados com explosivos, extorsões, sequestros. A taxa de homicídios quase dobrou entre 2021 e 2022, passando de 14 a 25 por 100.000 habitantes, segundo as autoridades.
Com a chacina desta sexta, o Equador encerra uma semana violenta. No mesmo presídio, as autoridades encontraram seis presos enforcados em suas celas na quarta-feira e na quinta, três guardas penitenciárias foram assassinadas por pistoleiros em um restaurante vizinho.
Um comitê de familiares de presos destacou também na sexta-feira, pelo Twitter, que "há semanas se vem advertindo para este novo massacre" na também chamada penitenciária Guayas 1. Os parentes dos detentos pediram às autoridades ação para evitar mais mortes.
Em meio à espiral de violência que sacode o Equador, na terça-feira, cerca de 30 pistoleiros abriram fogo contra a população em um porto de pesca artesanal, matando nove pessoas na cidade de Esmeraldas (norte), próxima à fronteira com a Colômbia.
"O que aconteceu em Esmeraldas não são atos de crime comum, são atos de terrorismo", disse Zapata.
O governo do presidente de direita Guillermo Lasso trava uma guerra contra o crime organizado e o narcotráfico, tendo apreendido mais de 450 toneladas de drogas, principalmente cocaína, desde que assumiu o poder, em maio de 2021.
O Equador fica entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores de cocaína do mundo.
* AFP