Mais de 200 detidos da guerra no Iêmen foram libertados neste sábado (15), no segundo dia de uma grande troca de prisioneiros entre os rebeldes e o governo, apoiados por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita.
A troca, iniciada na sexta-feira, acontece em um contexto de melhora das relações entre Arábia Saudita e Irã - que apoia os rebeldes huthis - e de negociações para encerrar mais de oito anos de conflito no Iêmen, o país mais pobre da península arábica.
Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), um avião com 120 detidos huthis pousou hoje sábado em Sanaa, capital do Iêmen nas mãos dos insurgentes, procedente da cidade saudita de Abha (sul). Outro avião, com 117 huthis a bordo, decolou um pouco mais tarde de Abha com o mesmo destino, completou o CICV.
"Finalmente recupero o gosto pela liberdade", declarou Abdallah Hashem ao chegar a Sanaa, após sete anos em uma prisão saudita.
"Espero que todos os presos voltem para suas famílias", acrescentou, abraçando sua mãe.
Ao mesmo tempo, um avião com 16 sauditas e três sudaneses, integrantes da coalizão, chegou a Riade. O irmão e o filho de um dos membros do conselho presidencial do Iêmen, Tarek Saleh, também estavam a bordo, segundo a rede saudita Al-Ekhbariya.
"Esta troca é muito importante para os líderes políticos e militares da coalizão que querem encerrar a questão dos prisioneiros e recuperar todos os detidos", disse o porta-voz da coalizão, Turki al-Maliki, citado pela agência oficial de notícias saudita SPA.
O número total de prisioneiros de guerra no Iêmen nunca foi divulgado.
- Discussões sobre a trégua -
Outros três voos estavam programados para o sábado, entre as cidades iemenitas de Mokha (sul) e Sanaa, transportando cerca de 100 presos. Ao todo, cerca de 900 pessoas devem ser libertadas em três dias, em conformidade com um acordo firmado no início de março na Suíça entre o governo iemenita e os rebeldes.
Na sexta-feira, 318 prisioneiros, incluindo o ex-ministro da Defesa do Iêmen e o irmão do ex-presidente, foram transportados entre Áden, controlada pelo governo, e Sanaa, mantida nas mãos dos huthis há mais de oito anos.
Esta vasta operação de troca de prisioneiros, a mais importante desde a libertação de mais de 1.000 detentos em outubro de 2020, insere-se em um contexto de apaziguamento regional.
Em março, as duas grandes potências, Arábia Saudita e Irã, fecharam um acordo, negociado sob a égide da China, para retomar suas relações, após sete anos de ruptura. Esse rearranjo deve ter impactos na situação regional.
De acordo com a diretora do programa do Oriente Médio e Norte da África na Chatham House, Sanam Vakil, Riade busca "limitar sua participação militar no Iêmen" e instaurar uma "paz duradoura e de longo prazo que lhe permita se concentrar em suas prioridades econômicas".
A rica monarquia do petróleo continuará sendo por muito tempo, porém, "o intermediário, o investidor e o garante do conflito no Iêmen", observa.
* AFP