O número de crianças que atravessaram nos dois primeiros meses de 2023 a selva perigosa do Estreito de Darién, na fronteira entre Panamá e Colômbia, multiplicou-se por sete em relação ao ano anterior, uma cifra recorde.
"Nossas equipes no local nunca viram tamanha quantidade de meninos e meninas atravessando a selva do Panamá sozinhos ou com seus pais", destacou Garry Conille, diretor regional do Unicef para a América Latina e o Caribe.
Segundo o fundo das Nações Unidas entre janeiro e fevereiro 9.700 menores cruzaram a selva do Darién. No mesmo período do ano anterior, foram 1.400. "Esta cifra é a mais alta registrada em um período de dois meses desde que estes registros tiveram início", destaca o comunicado de Conille.
Segundo Laurent Duviller, assessor do Unicef, o aumento do número de crianças migrantes se deve ao aumento da desigualdade, ao desemprego nos países de acolhimento devido a rejeição e racismo, e à falta de escolarização após a pandemia. Além disso, em dois meses, pelo menos 200 crianças atravessaram a floresta sozinhas, uma cifra cinco vezes superior à do ano anterior, quando foram menos de 40.
"Estamos preocupados com este grupo, porque as crianças que não estão acompanhadas correm um grande risco de caírem nas redes de traficantes e criminosos", advertiu Duviller. Além disso, "estas crianças são muito vulneráveis a formas de violência, exploração, trabalho infantil e vários tipos de abuso, porque não recebem nenhuma supervisão".
A selva do Darién se tornou um corredor para a migração irregular da América do Sul para os Estados Unidos. Em seu trajeto, os migrantes enfrentam animais selvagens, rios caudalosos e grupos criminosos.
Em janeiro e fevereiro, cerca de 50 mil pessoas atravessaram a selva panamenha, um quinto delas, crianças. No ano passado, cerca de 250.000 pessoas fizeram esta rota, 16% delas, crianças.
* AFP