O ex-presidente boliviano Evo Morales comemorou os 28 anos de seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), com críticas incomuns à gestão econômica realizada por seu afilhado político e atual presidente, Luis Arce.
"Alguns ministros dizem que estamos bem. Economicamente, não estamos tão bem. Não se mente para o povo", disse Morales durante uma concentração multitudinária em Ivirgarzama (centro), reduto político do MAS, onde Arce esteve presente.
O esquerdista Luis Arce se apresentou às eleições gerais de 2020, apadrinhado por Morales, de quem foi ministro da Economia durante uma década. Ele venceu o pleito com 54% dos votos.
Morales (2006-2019) lamentou a menor movimentação econômica, a falta de emprego, a diminuição do investimento público e os resultados fracos de alguns projetos industriais estatais.
"É importante melhorar a gestão pública. É preciso pensar onde vamos investir o dinheiro", recomendou o ex-presidente, após sugerir o afastamento da equipe econômica de ministros "ortodoxos conservadores" que buscam cuidar da macroeconomia, "castigando os pequenos produtores".
Arce, no poder desde novembro de 2020, respondeu aos questionamentos com um chamado à unidade ideológica do partido.
As críticas refletem a disputa dentro do MAS entre os apoiadores de Morales e os de Arce.
Morales disse ser vítima de uma campanha de desprestígio dentro do governo e lamentou que os prefeitos que são seus aliados tenham tido limitados os recursos governamentais para executar obras públicas.
Criado em 1995, o MAS surgiu em contraposição ao modelo de economia liberal e adotou as bandeiras do indigenismo pelas mãos de Evo Morales, líder dos produtores de coca. Morales foi um aliado fiel do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez e é um admirador do regime cubano de Fidel Castro.
* AFP