A Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos de curto alcance nesta segunda-feira (20) usando seu lançador mais moderno, que disse poder realizar um "ataque nuclear tático" capaz de destruir totalmente as bases aéreas inimigas.
Foi seu segundo lançamento em 48 horas.
No sábado, disparou um de seus poderosos mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) que, segundo Tóquio, pousou em sua zona econômica exclusiva e levou Washington e Seul a realizar exercícios aéreos conjuntos.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, agendada para terça-feira, para discutir as últimas ações norte-coreanas.
As forças armadas sul-coreanas disseram ter detectado o lançamento dos mísseis disparados da província de Pyongan do Sul entre 07h00 e 07h11 (19h00-19h11 no horário de Brasília).
Eles chamaram os lançamentos de "uma provocação séria que mina a paz e a estabilidade da península coreana" e pediram a Pyongyang que pare "imediatamente".
Pyongyang apontou que o Exército Popular da Coreia (EPC) realizou os disparos desta segunda-feira em resposta a exercícios conjuntos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, e culpou esses países pela deterioração da situação de segurança na península coreana, segundo a agência estatal KCNA.
"Com o exercício do disparo de hoje (segunda-feira), que envolveu lançadores de foguetes múltiplos e supergrandes, meios táticos de ataque nuclear, o EPC demonstrou sua capacidade total de dissuadir e responder" a exercícios aéreos conjuntos, acrescentou a KCNA.
Enquanto isso, a poderosa irmã do líder Kim Jong Un alertou que seu país monitora de perto as ações de Washington e Seul e ameaçou uma "resposta correspondente" às manobras aéreas conjuntas.
"A frequência de uso do Pacífico como nosso campo de tiro depende das ações das forças dos EUA", disse Kim Yo Jong no comunicado divulgado pela agência de notícias estatal KCNA.
- Manobra surpresa -
De acordo com Pyongyang, o lançamento de um ICBM no sábado foi uma manobra "surpresa" que, em sua opinião, demonstrou sua capacidade de realizar um "contra-ataque nuclear mortal".
Tal alegação visa combater o ceticismo sobre a tecnologia de guerra norte-coreana e provar "não apenas o desenvolvimento de forças nucleares estratégicas e táticas, mas a capacidade operacional para usá-las", disse Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha em Seul.
O Japão disse que o ICBM de sábado voou 66 minutos e caiu em sua zona econômica exclusiva.
Em resposta, os Estados Unidos e a Coreia do Sul realizaram exercícios aéreos conjuntos no domingo, incluindo um bombardeiro estratégico e um caça furtivo.
Pyongyang deu a seus soldados "uma 'nota excelente'" pela "manobra de lançamento repentino" no sábado, mas analistas sul-coreanos disseram que o intervalo de nove horas entre a ordem e o lançamento não foi particularmente rápido.
Kim Yo Jong rejeitou as críticas como uma "tentativa de desvalorizar a capacidade das forças de mísseis norte-coreanas".
Hong Min, do Instituto Coreano para a Unificação Nacional, disse à AFP que a forte reação faz parte de um "padrão" norte-coreano de rejeitar qualquer avaliação estrangeira de seus ICBM.
"A reação forte e raivosa às avaliações estrangeiras sobre o lançamento do ICBM revela que o Norte está genuinamente preocupado em enviar a mensagem de que é capaz de alcançar os Estados Unidos", disse ele.
Ele acrescentou que o uso de mísseis de curto alcance indica que a Coreia do Norte "virtualmente tem como alvo as bases dos EUA e o centro de comando sul-coreano na área".
Seul e Washington planejam realizar exercícios de simulação para melhorar sua capacidade de resposta no caso de um possível ataque nuclear norte-coreano.
Na semana passada, Pyongyang alertou sobre uma resposta "sem precedentes" aos próximos exercícios, que chama de preparativos para a guerra e culpa pela deterioração da situação de segurança na península coreana.
As relações entre as duas Coreias estão em um dos pontos mais baixos em anos, depois que o Norte se declarou uma potência nuclear "irreversível" e Kim pediu um aumento "exponencial" na produção de armas, incluindo armas nucleares táticas.
* AFP