Três jornalistas egípcias anunciaram nesta segunda-feira (7) que começaram uma greve de fome para exigir a libertação de Alaa Abdel Fatah, um preso político que está em greve de fome e deixou de ingerir líquidos no domingo.
"Paramos de nos alimentar porque Alaa Abdel Fatah está em risco de morte", explicou à AFP Mona Selim, que protagonizou um protesto no sindicato de jornalistas do Cairo junto com Eman Ouf e Rasha Azab.
As três pedem "a libertação de todos os prisioneiros de consciência", os quais há mais de 60 mil no Egito, segundo as ONGs.
Desde o início de abril, o britânico-egípcio Alaa Abdel Fatah, ingeria apenas uma xícara de chá e uma colherada de mel por dia. Na terça-feira passada parou totalmente de comer e de ingerir líquidos no domingo, coincidindo com a abertura da COP27 em Sharm el Sheij, no Egito.
Seu caso será tratado na COP27, da qual sua irmã, Sanaa Seif, participou, disse o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, que fez alusão a uma "prioridade".
Os ativistas presentes na COP27 divulgaram várias publicações nas redes sociais com a marca #FreeAlaa e muitas personalidades da sociedade civil terminaram suas intervenções com a frase "You have not yet been defeated" ("Você ainda não foi derrotado", título do livro de Alaa Abdel Fatah, cujo prefácio foi escrito pela jornalista e ativista canadense Naomi Klein.
A secretária-geral da Anistia Internacional (AI), Agnès Callamard, insistiu no domingo na necessidade de liberar Abdel Fatah o quando antes. "Não resta muito tempo [antes que morra], no máximo 72 horas", afirmou do Cairo.
O ativista, ferrenho inimigo do regime do presidente Abdel Fatah al-Sissi, foi condenado no final de 2021 a cinco anos de prisão por "divulgação de informações falsas", após passar a maior parte da década passada atrás das grades.
Segundo a AI, desde que o Egito reativou sua comissão de indultos presidenciais em abril, 766 prisioneiros de consciência foram libertados, mas outros 1.540 foram detidos.
"O presidente anunciou uma iniciativa que deveria encerrar as prisões pelo crime de expressão, mas a realidade é o contrário", disse Selim.
O Egito ocupa a posição 168º de 180 na classificação de liberdade de imprensa de 2022 da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
* AFP