Uma marcha em Quito comemorou neste sábado (19) os 25 anos da descriminalização da homossexualidade no Equador. O ato foi liderado por mulheres trans, que reivindicam a inclusão trabalhista.
Com uma enorme bandeira azul claro e rosa, que identifica a população trans, os manifestantes partiram da sede do Ministério Público, no norte, para o Centro de Arte Contemporânea (CAC), localizado no centro histórico da cidade.
Uma das principais reivindicações foi que o governo crie condições e locais de trabalho para a população LGBTI, que pela primeira vez será contabilizada no censo nacional, realizado este mês e que inclui duas perguntas sobre identidade de gênero.
"Depois de 25 anos de descriminalização (da homossexualidade), continuamos na precariedade, especialmente as mulheres trans", disse à AFP Malony Chávez, presidente da Associação de Trabalhadoras do Sexo Trans de Quito.
Chávez, de 38 anos, acrescentou que é necessário que "o trabalho sexual seja regularizado para que tenhamos as garantias que merecemos como pessoas".
Lamentou que "na prática não houve mudança" após a descriminalização da homossexualidade no país historicamente conservador.
"Continuamos a ser perseguidas pela polícia, agredidas pela polícia, estupradas pela polícia", disse.
Em 1997, por meio de uma ação movida no então Tribunal Constitucional, um grupo de ativistas conseguiu impedir que a homossexualidade fosse considerada crime punível com até oito anos de prisão.
Para comemorar os 25 anos dessa conquista, os participantes exibiram cartazes que diziam: "que ser trans não seja uma sentença de morte" e "a felicidade trans é linda".
Um grupo de ativistas chegou a pintar um pedido por "justiça trans" em uma das principais avenidas da capital.
Nebraska Montenegro, que integrou o grupo Coccinelle que luta pela descriminalização desde a década de 1980, disse à AFP que "é um orgulho para as sobreviventes ter uma nova geração unida e lutando pelos mesmos direitos".
O Equador aprovou o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo em 2019, o que foi considerado uma decisão histórica a favor da comunidade LGBTI.
* AFP