O governo boliviano e representantes da região opositora de Santa Cruz não chegaram a um acordo sobre uma data para um polêmico censo populacional, e partidários e opositores do Executivo voltaram a se enfrentar nas ruas nesta quarta-feira (9).
A próspera região de Santa Cruz, motor econômico do país e reduto da oposição, exige um censo que atualize sua representação legislativa e os recursos que recebe do Estado, com base em um número de habitantes que considera superior ao contabilizado na últimas estatística oficial.
Vicente Cuéllar, encarregado pelo departamento de Santa Cruz (leste) para discutir a data do censo com o governo, disse que o Poder Executivo manteve sua posição de realizá-lo em 2024 e não em 2023, como exige a oposição.
"Fizemos todos os esforços para convencer um muro que não entende as razões", declarou Cuellar, depois de deixar uma mesa de negociações que começou no último fim de semana.
Santa Cruz completa nesta quarta-feira 19 dias de protestos, com bloqueios de ruas, avenidas e rodovias interestaduais.
O ministro do Planejamento, Sergio Cusicanqui, respondeu em nome do governo que os emissários de Santa Cruz "saíram do local de diálogo" na noite de terça-feira e "não justificaram de maneira técnica" um censo em 2023.
Por isso, apontou que o Executivo confirma que o recenseamento vai ser realizado "entre março e abril do ano de 2024".
Um decreto do presidente esquerdista Luis Arce ratificando a data do estudo deve ser publicano nas próximas horas.
O governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho (direita), anunciou que sua região "aumentará suas medidas de pressão" diante do fracasso do diálogo.
As ruas de Santa Cruz voltaram a ser palco de confrontos entre funcionários do governo, que bloqueiam rotas terrestres, e opositores, que querem liberdade de circulação.
Os confrontos ocorreram no bairro "Plano 3.000", fortemente povoado por simpatizantes do governo de Arce, e deixaram quatro feridos e vários presos.
A polícia de choque chegou ao local e usou gás lacrimogêneo, segundo imagens divulgadas nas redes sociais.
* AFP