O Congresso do Chile iniciará na quarta-feira as negociações para um novo processo constitucional, depois que líderes do Parlamento e de partidos políticos se reuniram nesta terça-feira (6) com o presidente Gabriel Boric no Palácio do Governo, em Santiago.
"Decidimos marcar uma data para a convocação de um diálogo inclusivo, abrangente, com todos os atores, para que o Congresso Nacional estabeleça um itinerário e um caminho para avançar no anseio de uma Constituição nascida na democracia", declarou Álvaro Elizalde, presidente do Senado, após o encontro com Boric.
Serão chamados os presidentes dos partidos políticos e os chefes das bancadas do Parlamento. Também serão criadas "instâncias de diálogo" com organizações da sociedade civil "para que os cidadãos do Chile sejam os protagonistas da elaboração do novo texto constitucional", explicou Elizalde.
Existe um consenso transversal entre as autoridades políticas e a população de que um novo processo constitucional deve ser iniciado.
No referendo de domingo, que teve a maior taxa de participação eleitoral (85,8%) da história do Chile, 61% dos eleitores rejeitaram o projeto de Constituição elaborado por uma Convenção Constituinte, que nasceu após a violenta revolta social de outubro de 2019.
"Devemos fazer um bom processo e não vamos brincar com esta segunda oportunidade, que provavelmente será a última, porque o Chile merece", afirmou Raúl Soto, presidente da Câmara dos Deputados.
Após o encontro com Boric, líderes dos partidos de direita, que apoiaram a opção de rejeitar o projeto de texto constitucional, prometeram apoio ao novo processo que esperam que seja consolidado no Congresso.
"Todos temos algo em comum: queremos avançar com uma nova Constituição. O protagonismo no processo de definir a melhor fórmula, os prazos e os mecanismos será do Congresso", disse Luz Poblete, do partido de centro-direita Evopoli.
O ultradireitista Partido Republicano, do ex-candidato à presidência José Kast, não participou da reunião. A formação já expressou sua rejeição a um novo processo constitucional.
* AFP