Ao menos treze pessoas morreram e quase 60 ficaram feridas, nesta quarta-feira (28), em bombardeios iranianos no Curdistão iraquiano contra grupos armados da oposição curda iraniana, que denunciaram a repressão dos protestos na República Islâmica - anunciou o governo dessa região autônoma.
O governo federal iraquiano e a administração do Curdistão, uma região autônoma do norte do país, condenaram os bombardeiros perpetrados por "20 drones carregados com explosivos", segundo Bagdá.
Os ataques, reivindicados pelo governo iraniano, deixaram "treze mortos - incluindo uma mulher grávida - e 58 feridos, em sua maioria civis, entre eles crianças com menos de dez anos", anunciaram os serviços antiterroristas do Curdistão iraquiano. A agência mencionou "mais de 70" bombardeios, perpetrados por "mísseis balísticos" e "drones armados".
Um balanço anterior reportava nove mortos e 32 feridos.
"Há civis entre as vítimas" disse à AFP um funcionário curdo, embora as autoridades não tenham dado detalhes até o momento.
A televisão pública curda iraquiana K24 indicou que três de seus jornalistas ficaram "gravemente feridos".
Os ataques ocorrem em um contexto tenso no Irã. Desde meados de setembro acontecem, no país, manifestações diárias contra a morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, em Teerã, sob custódia da polícia da moralidade.
O Curdistão iraquiano abriga vários grupos de oposição curdos iranianos. Historicamente, estes últimos lideraram uma insurgência armada contra Teerã, embora suas atividades tenham diminuído nos últimos anos.
O Partido Democrático do Curdistão do Irã (PDKI), grupo atacado na região de Koysinjaq, indicou que dois de seus membros foram mortos em um ataque.
Os bombardeios também danificaram e destruíram prédios na zona de Zrgoiz, a cerca de 15 km de Sulaymaniyah, onde estão localizados os escritórios de vários grupos armados de esquerda.
Nos últimos dias, o fogo da artilharia iraniana apontou várias vezes para zonas fronteiriças do Curdistão iraquiano, mas sem causar danos significativos.
Após a notícia, o Iraque anunciou que convocará o embaixador iraniano para protestar contra os bombardeios.
Os Estados Unidos denunciaram os ataques e afirmaram que "apoiam o povo e o governo iraquiano diante de atentados descarados à sua soberania", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, em um comunicado.
A Alemanha também os condenou e considerou "inaceitável" uma "escalada" por parte de Teerã, "em um contexto de protestos políticos internos no Irã".
O Reino Unido se expressou na mesma linha, instando Teerã a parar com "bombardeios indiscriminados" que representam "uma violação da soberania do Iraque e de sua integridade territorial".
* AFP