O Tribunal de Contas da Hungria publicou um estudo para denunciar os riscos de uma educação "feminina" no país, que poderia prejudicar o desenvolvimento dos jovens e trazer desafios demográficos.
Publicado em julho, o relatório passou despercebido até que o jornal Nepszava o mencionou em um artigo nesta quinta-feira (25).
"O fenômeno denominado 'pink education' tem muitas consequências econômicas e sociais", afirma esta instituição próxima do primeiro-ministro nacionalista Viktor Orban, em um país onde mais de 82% dos professores são mulheres.
"Se a educação favorece as características femininas", como "a maturidade emocional e social" e "provoca uma super-representação das mulheres na universidade, a igualdade [de sexos] será significativamente debilitada", avalia o relatório.
Os homens, mais propensos a correr riscos e empreender, segundo o estudo, não poderão encontrar sua plenitude, uma situação que provavelmente "provocará problemas mentais e de conduta".
Isso enquanto suas qualidades de criatividade e inovação são "necessárias para o desenvolvimento ótimo da economia", lembra o órgão judicial.
A entidade alerta contra os "problemas demográficos" que a educação universitária das mulheres poderia acarretar, já que as graduadas poderiam enfrentar problemas para encontrar um companheiro do mesmo nível, "o que poderia levar a uma queda da fecundidade".
Viktor Orban, promotor de uma "revolução conservadora" desde que voltou ao poder, em 2010, prometeu impulsionar a natalidade, atacando ao mesmo tempo a migração.
Em 2019, o Conselho Europeu lamentou "um retrocesso na igualdade de gênero na Hungria", dando como exemplo a baixa representação política feminina.
Embora, recentemente, o país tenha empossado na presidência da República uma mulher, Katalin Novak, o governo húngaro tem apenas uma representante feminina no gabinete ministerial e se situa no antepenúltimo lugar da União Europeia em número de deputadas (12,6%), à frente apenas de Malta.
* AFP