As tropas da junta militar que governa Mianmar massacraram cerca de dez pessoas e queimaram centenas de casas durante uma incursão em uma cidade, em uma área de fortes confrontos com opositores do golpe, informaram moradores e a mídia local.
Combates ferozes e represálias sangrentas foram relatados na região de Sagaing, no noroeste do país, desde o golpe do ano passado. Neste local, as forças da junta militar têm dificuldades para enfrentar a resistência das milícias locais das Forças de Defesa Popular.
Em 18 de julho, um grupo de soldados chegou aos arredores da cidade Kyi Su em dois helicópteros e cerca de 100 pessoas que não fugiram antes da chegada dos militares foram feitas prisioneiras, disse um local à AFP.
"Os idosos foram liberados no dia seguinte e cerca de dez pessoas foram detidas", disse ele sob condição de anonimato. Quando eles voltaram em 20 de julho, depois que os militares partiram, os moradores locais encontraram os corpos, disse um morador.
"Fui à floresta procurar meus animais, mas encontrei nove corpos carbonizados com as mãos amarradas", disse ele.
Outro morador local, que também pediu para permanecer anônimo, disse que 10 corpos foram encontrados e nove foram identificados por suas famílias. Os moradores acrescentaram que cerca de 30 pessoas ainda estão desaparecidas.
"Sobrevivemos, mas estamos deslocados. Quando chove sofremos com mosquitos e bichos", disse um morador que pediu para não ser identificado.
A mídia local informou que pelo menos 20 corpos carbonizados foram encontrados com as mãos amarradas e que centenas de casas foram incendiadas em Kyi Su.
A AFP não conseguiu confirmar esta informação, que vem de uma região remota onde a internet é frequentemente cortada pelas autoridades da junta militar. Não foi possível contatar um porta-voz da junta para comentar sobre esses relatórios.
Este país do sudeste asiático vive um caos desde o golpe de 2021. Quase 700 mil pessoas foram deslocadas pela violência, segundo a ONU, e cerca de 2.100 pessoas morreram na repressão, estima uma ONG local.
* AFP