O governo e as organizações que promovem os protestos no Panamá alcançaram, nesta segunda-feira (25), um acordo inicial para reduzir o custo de vida, embora as negociações para acabar com as manifestações e os bloqueios de estradas continuem avançando lentamente.
Os representantes do governo e os manifestantes ainda discutem o primeiro dos oito temas do diálogo, que acontece em Penonomé, 150 quilômetros a sudoeste da Cidade do Panamá.
Na madrugada desta segunda-feira, porém, o governo socialdemocrata de Laurentino Cortizo concordou em reduzir o preço de 72 itens da cesta básica, entre alimentos e itens de higiene. Isso será feito por meio do estabelecimento de teto de preços, subsídios ao consumidor e reduções tarifárias. Com esta medida, o Executivo pretende reduzir em 30% o custo dos bens básicos.
Até agora, o governo havia reduzido o preço de 18 produtos da cesta básica. Também reduziu o preço do combustível de US$ 5,20 por galão (3,78 litros) para US$ 3,25.
"Desde que chegamos a esta mesa, falamos e ratificamos que o governo nacional tem toda intenção de continuar o diálogo e hoje ratificamos que também tem vontade de chegar a acordos", disse a ministra do Trabalho e do Desenvolvimento Trabalhista, Doris Zapata.
"Já subimos o primeiro degrau na escada para resolver os problemas da crise social que este país vive", disse Fernando Ábrego, um dos porta-vozes dos manifestantes.
No entanto, os sindicatos, que pediam para regular os preços de 82 produtos, também exigem que se limite a margem de lucro de empresas e intermediários, medida rejeitada pelo governo.
As negociações acontecem desde quinta-feira, após três semanas de protestos e bloqueios de estradas, na pior crise social desde a invasão americana de 1989.
Os representantes dos manifestantes também reivindicam o investimento de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação pública e que se aborde o futuro do sistema de saúde estadual. Também pedem medidas contra a corrupção e contra o desperdício de recursos públicos.
As discussões acontecem em meio à abertura temporária de algumas rotas, que foram bloqueadas por protestos.
"As ruas estão abertas. Fizemos contato com os companheiros para que, de forma conjunta, fosse dada a oportunidade para que esse diálogo fluísse", disse Luis Sánchez, um dos porta-vozes dos manifestantes.
Após este primeiro acordo, porém, os porta-vozes do governo voltaram a solicitar a reabertura total das rodovias.
"Lá fora, há uma população angustiada com os fechamentos", disse o ministro Zapata.
O fechamento da rodovia Pan-Americana, que liga o Panamá à Costa Rica e é a principal rota de comércio e de transporte de mercadorias em todo país, causou escassez de alimentos e combustíveis.
* AFP