A Arábia Saudita anunciou nesta sexta-feira (noite de quinta, 14, no Brasil) a suspensão das restrições para que "todas as companhias aéreas" usem seu espaço aéreo, em um aparente gesto de abertura a Israel antes da visita do presidente americano, Joe Biden.
A autoridade de aviação civil "anuncia a decisão de abrir o espaço aéreo do reino a todas as companhias aéreas que cumprirem os requisitos da autoridade para sobrevoar", informou a entidade em um comunicado divulgado pelo Twitter.
Segundo um comunicado divulgado pela Casa Branca, o presidente americano "recebe com satisfação e elogia a decisão histórica".
"Esta decisão é o resultado da diplomacia contínua e de princípios do presidente com a Arábia Saudita ao longo de muitos meses, que culminaram com sua visita de hoje", declarou no comunicado o conselheiro de Segurança Nacional americano, Jake Sullivan.
O primeiro-ministro israelense Yair Lapid agradeceu Biden, que visitou Israel, "pelas longas, intensas e secretas negociações diplomáticas" com a Arábia Saudita para conseguir este anúncio.
Também agradeceu aos "líderes sauditas pela abertura de seu espaço aéreo".
"É só um primeiro passo. Vamos continuar trabalhando, com a prudência necessária, a favor da economia, da segurança e do bem-estar dos cidadãos israelenses", acrescentou Lapid.
A ministra de Transportes israelense, Merav Michaeli, classificou como um "passo importante" a decisão da Arábia Saudita e celebrou que "reduz consideravelmente os tempos de voos e os preços".
A Arábia Saudita tem sido o centro das atenções da visita de Biden, apesar de o chefe de Estado ter dito que trataria o reino do Golfo como um "pária" pelo assassinato, em 2018, do jornalista saudita Jamal Khashoggi.
Biden tem previsto viajar diretamente de Israel à Arábia Saudita. Será a primeira vez que um presidente americano voará do Estado judaico a um país árabe que não o reconhece.
Riade tem dito que manteria a postura tradicional da Liga Árabe de não estabelecer relações oficiais com Israel, enquanto não se resolver o conflito com os palestinos.
No entanto, o reino não se opôs a que seus aliados, os Emirados Árabes Unidos (EAU), estabelecessem relações diplomáticas com Israel em 2020, seguidos do Bahrein e do Marrocos sob os Acordos de Abraão, auspiciados por Washington.
Mas analistas apontam que qualquer progresso seria gradual e que é improvável que a Arábia Saudita concorde com relações formais durante a visita de Biden ou enquanto o rei Salman, de 86 anos, permanecer no poder.
Pouco depois destes acordos, a Arábia Saudita permitiu que um avião israelense sobrevoasse seu território a caminho de Abu Dhabi e anunciou que permitiria a passagem de aviões de "todos os países" que se dirigirem aos EAU.
O anúncio de sexta-feira suspende as restrições para voos com origem e destino em Israel e para aviões israelenses.
Segundo a autoridade de aviação civil, a decisão foi tomada "para complementar os esforços do reino por consolidar sua posição como um centro mundial que conecta três continentes".
* AFP