Arábia Saudita e Estados Unidos estão ligados por uma parceria estratégica de longa data em segurança, embora várias crises tenham prejudicado as relações bilaterais desde o início.
Joe Biden visita este país nesta sexta-feira (15) pela primeira vez como presidente dos Estados Unidos. Ele se reunirá com o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman (MBS), virando a página da disputa que se seguiu ao assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi.
A guerra na Ucrânia levou os preços do petróleo a níveis recordes, e Washington deseja conseguir convencer a Arábia Saudita a aumentar suas exportações.
- Associação desde 1945 -
A descoberta, no final da década de 1930, de vastas reservas de petróleo sob as areias do deserto saudita transformou o país em um sócio vital dos Estados Unidos, ávidos pelo ouro negro.
Em 14 de fevereiro de 1945, sua associação foi selada em um encontro histórico entre o rei Abdel Aziz Bin Saud e o presidente Franklin D. Roosevelt.
O pacto garantia proteção militar ao reino em troca de um acesso privilegiado ao petróleo.
- Petróleo como arma -
Em 16 de outubro de 1973, dez dias após o início da guerra árabe-israelense, os países árabes da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) - liderados por Riade - fazem do petróleo uma arma. Aumentaram seu preço em 70% e impuseram um embargo ao petróleo (entre outubro de 1973 e março de 1974) aos Estados que apoiavam Israel, principalmente os Estados Unidos.
- Cooperação e atentados -
Depois da invasão do Kuwait pelo Iraque de Saddam Hussein, em agosto de 1990, a Arábia Saudita autoriza a mobilização de centenas de milhares de militares americanos em seu território.
O país servirá de base para a coalizão internacional, liderada por Washington, que expulsa as tropas iraquianas.
Do Kuwait, aviões da coalizão decolarão para impor uma "zona de exclusão aérea" no sul do Iraque, provocando a ira de extremistas sauditas que realizam dois atentados anti-EUA em solo saudita na década de 1990.
- 11 de Setembro -
Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, reivindicados pela rede Al-Qaeda de Osama bin Laden, as relações bilaterais experimentam um revés mais grave. Quinze dos 19 pilotos que sequestraram os aviões e provocaram a morte de cerca de 3.000 pessoas eram sauditas.
O reino é acusado de financiar, secretamente, o extremismo islâmico. Washington transfere a sede de suas forças aéreas no Golfo para o Catar.
- Crise sob governo Obama -
Em outubro de 2013, a Arábia Saudita anuncia sua recusa em fazer parte do Conselho de Segurança da ONU para protestar contra a inação do Conselho, mas também de Washington, diante da guerra na Síria.
A Arábia Saudita, que apoia a rebelião contra o presidente Bashar al-Assad, não esconde sua indignação depois que o presidente Barack Obama renunciou aos ataques contra o governo sírio em setembro.
O acordo nuclear alcançado em 2015 com o Irã, seu grande rival, mina ainda mais a confiança de Riade.
- Apoio sob governo Trump -
A Arábia Saudita saúda a chegada de Donald Trump ao poder. Em maio de 2017, o republicano é recebido com pompa em sua primeira viagem presidencial ao exterior.
Trump pede para "isolar" o Irã xiita. Riade e Washington anunciam megacontratos que ultrapassam US$ 380 bilhões, dos quais US$ 110 bilhões destinados à venda de armas americanas ao reino.
Após o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em outubro de 2018, Trump não descarta que o príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman estivesse ciente. Mas "os Estados Unidos pretendem continuar sendo um parceiro firme da Arábia Saudita", disse ele.
- A "recalibragem" de Biden -
Pouco depois de se instalar na Casa Branca, no final de janeiro de 2021, Biden pede o fim da guerra no Iêmen e interrompe as vendas de armas à coalizão liderada por Riade.
Em 12 de fevereiro, Washington retira os rebeldes iemenitas, apoiados pelo Irã, de sua lista de "organizações terroristas".
No dia 26, o relatório da Inteligência americana sobre o assassinato de Khashoggi é publicado. O texto acusa o príncipe herdeiro de ter "validado" o assassinato, o que a Arábia Saudita nega.
A Casa Branca indica que Joe Biden quer "recalibrar" a relação com Riade e se comunicará com o rei Salman, em vez de MBS.
- "Contra-atacar a Rússia" -
No início de junho de 2022, Biden admite considerar a possibilidade de viajar para a Arábia Saudita. Durante sua campanha eleitoral, o presidente democrata prometeu tratar o país como "pária".
Acusado de mudar de posição, ele justifica sua viagem em 10 de julho pela necessidade de "combater a Rússia" e garantir "maior estabilidade" no Oriente Médio.
* AFP