O governo do Iêmen e os rebeldes huthis continuavam sem um acordo, nesta quarta-feira (1º), para prolongar a trégua mediada pela ONU e que, em princípio, expira amanhã, o que põe em risco os avanços obtidos no plano humanitário.
Com previsão de dois meses de duração, a trégua entrou em vigor em 2 de abril e deu um alívio a um país devastado por sete anos de guerra entre o Executivo, apoiado por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, e os rebeldes huthis, que contam com o suporte do Irã.
Além de um cessar-fogo relativamente respeitado, o pacto prevê uma série de medidas para aliviar o sofrimento da população. Entre elas, estão a reabertura do aeroporto da capital, Sanaa, para voos comerciais; disposições para facilitar o abastecimento de combustível e o levantamento do cerco imposto a algumas cidades.
Na terça-feira (31), cerca de 30 ONGs envolvidas no terreno publicaram uma carta aberta ao governo e aos insurgentes, pedindo-lhes para "prolongarem o acordo de trégua, construírem sobre os avanços que vocês tornaram possíveis nos últimos dois meses e trabalhar pela paz".
Ambas as partes se acusam mutuamente, porém, de não terem respeitado integralmente os compromissos assumidos. Até o momento, não se anunciou qualquer avanço no sentido de uma eventual prorrogação do pacto.
Na terça-feira (1º), a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que as negociações sobre a renovação da trégua "não terminaram, mas parecem difíceis".
Tanto a ONU quanto organizações humanitárias destacaram que, graças à trégua, o número de vítimas civis se reduziu pela metade, e centenas de habitantes da capital, muitos deles doentes, puderam viajar para o exterior.
"A trégua teve efeitos benéficos concretos para milhões de iemenitas, efeitos que apenas aumentarão à medida que a trégua continuar", disse nesta quarta-feira em nota o Departamento de Estado dos Estados Unidos, depois de uma visita ao Iêmen do enviado especial dos Estados Unidos, Tim Lenderking, que se reuniu lá com funcionários do governo.
Os huthis assumiram o controle da capital do Iêmen, Sanaa, e de várias áreas do país, deflagrando uma intervenção militar liderada pela Arábia Saudita em 2015 em apoio ao governo no poder. O conflito deixou centenas de milhares de mortos e provocou uma das piores tragédias humanitárias do mundo, conforme as Nações Unidas.
* AFP