Uma multidão que procurava uma mulher cristã por ter proferido supostas "blasfêmias" provocou um tumulto que deixou vários feridos no norte da Nigéria, no terceiro incidente do tipo nesta região de maioria muçulmana, informou a polícia neste sábado (21).
Os distúrbios ocorreram na sexta-feira à noite em Warji, localidade do estado de Bauchi, quando "jovens enfurecidos incendiaram casas e sete lojas, deixando vários feridos", informou um porta-voz da polícia, Ahmed Mohammed Wakili, em um comunicado.
A multidão procurava Jurau, uma trabalhadora da área médica, de 40 anos, por ter publicado nas redes mensagens consideradas blasfêmias. Segundo o testemunho de moradores, os manifestantes desataram sua revolta ao saber que a mulher tinha se escondido na vizinhança.
A polícia informou ter se mobilizado rapidamente, permitindo restabelecer "a calma".
A blasfêmia é um tema extremamente sensível no país mais populoso da África, dividido entre o sul majoritariamente cristão e o norte predominantemente muçulmano.
Na semana passada, estudantes muçulmanos mataram a pedradas a estudante cristã Deborah Samuel na cidade de Sokoto (noroeste), e queimaram seu corpo, após acusá-la de ter feito comentários considerados blasfêmia nas redes sociais contra o profeta Maomé.
O caso provocou uma onda de indignação e a polícia informou ter detido dois supostos participantes do linchamento.
As detenções ocorreram no dia seguinte a protestos pedindo sua libertação, durante os quais manifestantes enfrentaram as forças de segurança e incendiaram estabelecimentos comerciais.
Na segunda-feira passada, a polícia dispersou uma manifestação em frente à residência de uma mulher cristã em Maiduguri (nordeste), acusada também de fazer comentários considerados blasfêmia.
A blasfêmia é punida com a pena de morte segundo a lei muçulmana (sharia), vigente em estados do norte da Nigéria. Mas em muitos casos, os suspeitos são executados por fiéis enfurecidos e sem julgamento prévio.
* AFP