O prefeito da capital da Polônia, Varsóvia, assumiu nesta segunda-feira (11) o controle de um antigo prédio diplomático russo, apelidado de "ninho de espiões" e que os dois países disputam, para uso da Ucrânia.
"Estou feliz por poder mostrar de forma tão simbólica a ajuda de Varsóvia aos nossos amigos ucranianos", declarou o prefeito Rafal Trzaskowski aos repórteres presentes no local.
O "ninho de espiões" é um prédio que foi construído na década de 1970 na região sul da capital polonesa. Com 10 andares e dezenas de apartamentos, serviu como centro diplomático para os soviéticos antes de ser usado pela embaixada russa.
O prefeito de Varsóvia entrou neste centro acompanhado por um funcionário e do embaixador ucraniano na Polônia. Um diplomata russo também presente protestou contra essa medida.
"Recuperamos o chamado 'ninho de espiões' e queremos entregá-lo aos nossos convidados ucranianos", explicou Trzaskowski, usando o apelido da instalação, que se chama "Szpiegowo" em polonês.
Andrii Deshchytsia, o embaixador ucraniano na Polônia, afirmou que o centro "servirá muito em breve à Ucrânia e aos ucranianos".
"Pode ser que haja uma escola ou creche, ou apartamentos", explicou à imprensa. "Queremos fazê-lo legalmente, não como os russos. Não queremos ocupar nada antes que sua transferência seja legalizada", acrescentou o embaixador.
Em estado de deterioração e quase fora de uso desde a década de 1990, este edifício está no centro de uma disputa legal sobre sua propriedade entre a Rússia e a Polônia.
O edifício foi construído após acordos assinados em 1974 entre a Polônia e a União Soviética que permitiram a Moscou obter novas propriedades em Varsóvia.
Em virtude desse acordo, o Kremlin deveria entregar propriedades semelhantes em Moscou, algo que nunca aconteceu.
Em 2008, Varsóvia rescindiu esse pacto e exigiu a devolução do prédio. Uma medida endossada por um tribunal polonês em 2016, que também solicitou indenização à Polônia por ocupação ilegal no valor de 7,8 milhões de zlotys (US $ 1,8 milhão).
Mas a Rússia se recusa até o momento a cumprir a decisão judicial.
* AFP