A Anistia Internacional denunciou nesta segunda-feira (25) que a luta do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, contra as gangues desatou uma "tempestade perfeita" de violações dos direitos humanos e pediu a intervenção da comunidade internacional.
"Durante os últimos 30 dias, o governo do presidente Bukele pisoteou os direitos do povo salvadorenho. Desde reformas legais que violam os padrões internacionais, até prisões arbitrárias em massa e maus tratos aos detidos", disse Erika Guevara-Rosas, diretora da AI para as Américas.
O Parlamento de El Salvador, controlado pelo partido de governo, estendeu até o final de maio um regime excepcional, estabelecido em 27 de março, que permite prisões sem mandado, como parte da "guerra contra as gangues" de Bukele.
"As autoridades salvadorenhas criaram uma tormenta perfeita de violações de direitos humanos, que agora esperam que continue com a extensão do decreto de emergência", acrescentou Guevara-Rosas em um comunicado.
A medida foi adotada a pedido de Bukele, após serem registrados 87 assassinatos entre 25 e 27 de março, atribuídos as gangues que atuam no país, principalmente a Mara Salvatrucha (MS-13) e Barrio 18.
O novo decreto legislativo aprovado no domingo afirma que "persistem condições de segurança que exigem urgentemente" que este regime seja prolongado.
Algumas organizações de direitos humanos denunciaram detenções injustificadas por parte da polícia e das forças armadas.
Mas o governo defende as ações das forças de segurança e costuma mostrar imagens dos detidos nas redes sociais, que possuem tatuagens que os identificariam como membros de gangues.
"Chamamos a comunidade internacional para que ajude a evitar uma incipiente crise de direitos humanos em El Salvador e as autoridades do país para que parem os abusos" e garantam investigações sobre violações contra os direitos humanos que tenham ocorrido, disse a representante da AI.
No primeiro mês com regime de exceção, as autoridades detiveram 17.000 membros de gangues sem ordem judicial.
* AFP