As Forças Armadas de Honduras entregaram nesta sexta-feira (25) o bastão à presidente de esquerda Xiomara Castro, e pediram "perdão" por seus "erros passados", depois de se envolverem em um golpe de Estado e repressão cidadã.
"Digo com toda a sinceridade, povo hondurenho: em primeiro lugar, quero pedir desculpas a todos os cidadãos pelos erros que nossas Forças Armadas cometeram nos últimos anos", declarou o chefe do Estado-Maior Conjunto, José Jorge Fortín, em seu discurso na cerimônia.
Castro, a primeira mulher a governar Honduras, assumiu o cargo em 27 de janeiro para um mandato 2022-2026.
"Reconhecemos a autoridade de nossa comandante-geral das Forças Armadas", acrescentou Fortín. Assim, os 20 mil membros da instituição ficam subordinados ao poder civil constitucional.
"Perdão, povo hondurenho, sei que somos uma instituição a serviço do povo e, como qualquer instituição, cometemos erros", reconheceu o oficial, sem dar mais detalhes.
As Forças Armadas hondurenhas foram desacreditadas na opinião pública por seu questionado apoio ao ex-presidente Juan Orlando Hernández, atualmente preso e alvo de um pedido de extradição pelos Estados Unidos, que o acusa de tráfico de drogas.
As Forças Armadas apoiaram a reeleição imediata de Hernández em 2017, em meio a acusações de fraude da oposição, que saiu às ruas para protestar, resultando em dezenas de mortes devido à repressão militar e policial.
Os militares também lideraram um golpe de Estado em aliança com setores civis em junho de 2009 contra o então presidente Manuel Zelaya, marido de Xiomara Castro.
A presidente, por sua vez, agradeceu o papel desempenhado pelas Forças Armadas em novembro do ano passado na garantia de eleições livres e pediu seu apoio na "luta frontal contra a corrupção e o narcotráfico".
Honduras foi classificada como "narcoestado" em um tribunal de Nova York, por conta do suposto envolvimento de autoridades civis e militares no transporte de cocaína para os Estados Unidos.
"Tony" Hernández, irmão do ex-presidente, foi condenado em março de 2021 à prisão perpétua por tráfico de drogas, enquanto Juan Orlando foi capturado em 16 de fevereiro após os Estados Unidos pedirem sua extradição pelo mesmo crime.
Hernández nega as acusações e as atribui a falsos depoimentos no tribunal, por parte de traficantes que foram extraditados por seu governo para os Estados Unidos.
* AFP