Pelo menos 14 pessoas morreram na capital do Iêmen em bombardeios da coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, um dia depois de um ataque dos rebeldes huthis iemenitas nos Emirados Árabes Unidos - informaram uma fonte médica e uma testemunha, nesta terça-feira (18).
O ataque com drones reivindicado pelos rebeldes huthis na segunda-feira foi a primeira operação a deixar vítimas em território dos Emirados e foi duramente condenado pelos Estados Unidos e por outros países ocidentais.
Em resposta, a coalizão liderada pela Arábia Saudita que luta contra as milícias huthis, da qual os Emirados também fazem parte, lançou bombardeios sobre a capital do Iêmen.
"O número de vítimas dos bombardeios passou para 14 mortos e 11 feridos", disse à AFP uma fonte médica em Sanaa.
Um balanço anterior registrava 11 mortes.
Moradores da capital procuravam sobreviventes entre os escombros de dois prédios que desabaram durante os bombardeios.
Uma testemunha disse à AFP que viu 11 corpos enquanto tentava encontrar parentes e que uma escavadeira estava limpando a área.
"Ainda estamos procurando os feridos e mártires nos escombros", disse esta testemunha, Akram al-Ahdal.
Por sua vez, os rebeldes relataram a morte do general Abdullah Qassem Al-Junaid, diretor da Faculdade de Aviação e Defesa Aérea.
Este militar morreu "com membros de sua família, um crime hediondo cometido pela aviação do agressor (a coalizão) que atingiu sua casa na noite de segunda-feira", segundo a agência de notícias insurgente Saba.
Em sua reivindicação, os rebeldes huthis alertaram os moradores dos Emirados para evitarem "instalações vitais, para sua própria segurança".
Ontem, os Estados Unidos condenaram o ataque cometidos pelos rebeldes iemenitas pró-iranianos no aeroporto internacional de Abu Dhabi e na zona industrial próxima.
"Os Estados Unidos condenam, energicamente, o ataque terrorista de hoje (segunda), em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, que matou três civis inocentes", declarou o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, em um comunicado.
"Os huthis assumiram a responsabilidade pelo ataque, e trabalharemos com os Emirados Árabes Unidos e com nossos sócios internacionais para fazê-los pagar por isso", frisou Sullivan.
"Nosso compromisso com a segurança dos Emirados Árabes Unidos é inabalável e apoiamos nossos parceiros dos Emirados contra todas as ameaças ao seu território", acrescentou.
Em um comunicado, o porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, afirmou que o secretário de Estado, Antony Blinken, manifestou "sua solidariedade" em um telefonema com seu colega dos Emirados, Abdullah bin Zayed al Nahayan.
Os Emirados Árabes Unidos fazem parte de uma coalizão militar sob o comando da Arábia Saudita que intervém no Iêmen desde 2015 em apoio às forças do governo contra os huthis.
"Não se vislumbra um fim para a guerra no Iêmen", afirmou Elisabeth Kendall, pesquisadora da Pembroke College, da Universidade de Oxford, à AFP.
"O conflito está escalando para novas frentes, tanto domésticas quanto regionais", completou a especialista.
* AFP