A Austrália divulgou nesta sexta-feira (28) um plano financiado por US$ 700 milhões para proteger a Grande Barreira de Corais e impedir que o enorme recife seja removido da lista do Patrimônio Mundial da Unesco.
"Estamos apoiando a saúde do recife e o futuro econômico dos operadores turísticos de Queensland, fornecedores do setor hospitaleiro e comunidades que estão no coração da economia do recife", declarou o primeiro-ministro conservador, Scott Morrison.
Este programa de nove anos é anunciado meses depois que o governo australiano impediu por pouco que a Grande Barreira de Corais fosse colocada na lista de patrimônio "ameaçado" da Unesco devido à deterioração do ecossistema causada pelas mudanças climáticas.
Também ocorre poucos meses antes das eleições gerais de maio, nas quais Morrison terá que vencer no estado de Queensland, próximo ao recife, se quiser permanecer no poder.
Mas o Conselho Climático, um grupo de pressão ecologista, afirmou que o pacote de financiamento é algo como "colocar um band-aid em uma perna quebrada".
Quando as Nações Unidas ameaçaram anteriormente em 2015 rebaixar a Grande Barreira de Corais, a Austrália criou o plano "Recife 2050" e canalizou bilhões de dólares para sua proteção.
Acredita-se que essas medidas tenham desacelerado a taxa de declínio, mas grande parte do maior ecossistema de corais do mundo já está danificado. Um estudo recente indicou que 98% do recife foi afetado por branqueamento desde 1998.
O apoio do governo à indústria do carvão e sua relutância em combater as mudanças climáticas levaram à perda de apoio do partido nas cidades e colocaram em evidência uma série de candidatos independentes com foco na sustentabilidade ambiental.
"A menos que o país reduza as emissões de maneira expressiva nesta década, a situação só vai piorar", disse Lesley Hughes, professora de Biologia da Universidade Macquarie e integrante do Conselho Climático, que acusou Morrison de "dar dinheiro para a Grande Barreira com uma mão e com a outra financiar a indústria que provoca impactos climáticos devastadores" no ecossistema.
Vítimas de desastres como incêndios, secas ou inundações, os australianos são predominantemente a favor da limitação das mudanças climáticas. Uma pesquisa de 2021 do Lowy Institute em Sydney mostrou que 60% consideravam "o aquecimento global um problema sério e urgente".
Oito em cada dez australianos apoiam a meta de neutralidade de carbono estabelecida para 2050, que o governo relutantemente aprovou antes da cúpula climática de Glasgow no ano passado.
A Austrália, um dos maiores exportadores de gás e carvão, é economicamente dependente de combustíveis fósseis. Além disso, seus partidos políticos recebem importantes doações desses setores.
* AFP