Pedras, paus e caixões com os corpos de várias das 13 vítimas de um massacre ocorrido no fim de semana na Guatemala bloquearam nesta segunda-feira (20) a rodovia Interamericana, que liga a capital ao oeste do país.
Entre os gritos de protesto, podia-se ouvir o choro de familiares vestidos com os trajes indígenas do grupo étnico maia-k'iche.
Os manifestantes, moradores de Santa Catarina Ixtahuacán, exigiam que o governo de Alejandro Giammattei encerre um conflito territorial de mais de 100 anos com habitantes do município vizinho de Nahualá, da mesma etnia indígena, a quem acusam do massacre.
"Não há palavras para descrever o que sinto", disse Alonzo Guarchaj à AFP, contendo as lágrimas, em frente ao carro funerário que carregava o caixão com os restos mortais de seu pai, um pastor evangélico octogenário de mesmo nome.
Na noite de sábado, a polícia reportou o assassinato de 13 pessoas na aldeia Chiquix, no território de Nahualá, além da localização de um caminhão parcialmente incendiado e de uma viatura com buracos de bala.
As vítimas, que moravam em Santa Catarina Ixtahuacán, seguiam para coletar milho, quando foram alvo de uma emboscada com homens armados.
"As famílias emboscadas, depois de assassinadas, foram queimadas dentro do caminhão onde eram transportadas, e as crianças foram desmembradas com facões", disse o ativista pelos direitos humanos, Jordán Rodas.
Em nota, o governo informou sobre a captura de três homens supostamente responsáveis pelo massacre no domingo.
"As autoridades tomarão todas as medidas necessárias para garantir a segurança, o respeito à vida, a paz e a governabilidade no (departamento de) Sololá", afirmou o governo.
As comunidades indígenas, das quais muitas vivem na pobreza, representam mais de 40% dos 17 milhões de habitantes da Guatemala.
* AFP