A situação humanitária na região etíope de Tigré, devastada pela guerra, "vai piorar dramaticamente" com consequências mortais, alertou a ONU nesta quinta-feira (2), afirmando que há um "bloqueio de ajuda" devido ao agravamento do conflito.
"Os estoques de ajuda humanitária, dinheiro e gasolina estão acabando ou já se esgotaram. Desde 20 de agosto, as lojas de alimentos estão vazias", disse em um comunicado o coordenador da ajuda humanitária das Nações Unidas para a Etiópia, Grant Leaity.
"A região está sob um bloqueio de fato à ajuda humanitária", explicou Leaity, acrescentando que nenhum caminhão de abastecimento conseguiu entrar no norte da Etiópia desde 22 de agosto.
O funcionário da ONU pediu ao governo de Abiy Ahmed que aliviasse as restrições.
O norte da Etiópia está envolvido em combates desde novembro, quando o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, enviou o exército federal a Tigré para derrubar autoridades locais dissidentes da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF).
O conflito se arrastou e, no final de junho, as forças pró-TPLF recuperaram o controle sobre a maior parte de Tigré. Em seguida, continuaram sua ofensiva nas regiões vizinhas de Amhara e Afar.
Como resultado dos conflitos, pelo menos 1,7 milhão de pessoas na região passam fome, de acordo com Leaity.
Ambos os lados foram acusados de saquear depósitos de ajuda humanitária. Esta semana, a agência de ajuda norte-americana Usaid disse que esses roubos representam uma "grande preocupação para os trabalhadores humanitários".
Em um comunicado separado, Leaity condenou os assassinatos de trabalhadores humanitários em Tigré, onde cerca de 11 pessoas teriam sido mortas entre janeiro e julho deste ano.
No total, o número de mortos entre o pessoal humanitário desde o início do conflito chega a 23 pessoas.
* AFP