Os partidos de esquerda da Noruega iniciaram nesta terça-feira (14), um dia depois de sua vitória nas eleições legislativas, consultas e negociações que prometem ser longas para formar um novo governo e retirar a direita do poder após oito anos.
O Partido Trabalhista do provável próximo primeiro-ministro, Jonas Gahr Støre, e seus principais aliados, o Partido de Centro e a Esquerda Socialista, conquistaram maioria absoluta ao somar 89 das 169 cadeiras do Parlamento unicameral, de acordo com os resultados ainda provisórios.
A atual primeira-ministra, a conservadora Erna Solberg, reconheceu na segunda-feira à noite a derrota da coalizão de centro-direita, o que abriu o caminho para a alternância de poder.
"Durante os próximos dias, eu convidarei para reuniões os líderes de todos os partidos que desejam um novo governo", afirmou Støre, que falou sobre a desigualdade social em seu discurso de vitória.
"Há mais coisas que nos unem que coisas que nos separam", destacou nesta terça-feira, depois de conversar com os líderes do Partido de Centro e da Esquerda Socialista.
Além dos dois partidos, o milionário de 61 anos afirmou que pretende dialogar com outras forças da atual oposição, os comunistas do Rødt e os ecologistas do MDG, que conquistaram oito e três cadeiras, respectivamente.
As negociações, informais e formais, prometem ser longas e delicadas.
O Partido de Centro, que defende principalmente os interesses do mundo rural, e a Esquerda Socialista, preocupada com a justiça social e a proteção do meio ambiente, divergem em muitos temas, inclusive em questões fiscais e de petróleo - a Noruega é o maior produtor de hidrocarbonetos da Europa ocidental.
Embora os três partidos tenham integrado o governo de Jens Stoltenberg, o antecessor de Jonas Gahr Støre como líder trabalhista, os centristas afirmaram durante a campanha que se recusariam a governar com a Esquerda Socialista, uma linha que parece ter moderado nos últimos dias.
"Vamos participar nas discussões a que fomos convidados por Jonas Gahr Støre e vamos ver o que acontece, mas no momento nossa alternativa preferida é com o SP (centristas) e AP (trabalhistas)", declarou a líder do Partido de Centro, Marit Arnstad.
Durante uma entrevista coletiva, o líder da Esquerda Socialista (SV), Audun Lysbakken, lamentou as "portas fechadas de antemão".
"Não há maioria (de esquerda) sem a SV e isto quer dizer que todos aqueles que desejam um novo governo devem levar a SV em consideração", destacou.
Um novo Executivo não deve ser formado antes de várias semanas.
* AFP