O político alemão Christian Schmidt assumiu oficialmente as funções de Alto Representante Internacional na Bósnia nesta segunda-feira (2), apesar da oposição da Rússia e dos sérvio-bósnios que o consideram "ilegal".
O papel do Alto Representante é garantir o respeito pela parte civil dos acordos de paz de Dayton (Estados Unidos), que encerraram o conflito da Bósnia (1992-1995), no qual morreram 100 mil pessoas.
O posto possui poderes discricionários que lhe permitem impor leis ou destituir cargos eletivos.
Schmidt, o ex-ministro da Agricultura alemão, é o oitavo titular deste cargo e sucede o diplomata austríaco Valentin Inzko.
Seu mandato de 12 anos foi marcado pela recente proibição de negar ou minimizar o genocídio, uma decisão que irritou os representantes políticos dos sérvios da Bósnia.
"A Bósnia-Herzegovina deve retornar à agenda política da comunidade internacional e da União Europeia", declarou Schmidt em um discurso. "Vou contribuir para este trabalho", acrescentou.
Regularmente abalado por disputas entre comunidades, o país balcânico ainda não obteve o estatuto de candidato à adesão na União Europeia.
Os sérvios da Bósnia, aliados de Moscou, opõem-se à adesão à OTAN.
Apoiado pelos principais países ocidentais, Schmidt não obteve o endosso da Rússia quando foi nomeado em maio pelo comitê diretor do conselho independente de implementação da paz, independente da ONU.
A Rússia entende que sua nomeação deve ser aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, assim como a de Inzko em 2009.
Moscou propôs um projeto de resolução co-patrocinado pela China que previa a abolição dessa posição em julho de 2022, mas foi rejeitado.
Para o membro sérvio da presidência colegiada da Bósnia, Milorad Dodik, Schmidt é "ilegal e ilegítimo". "Não vamos cooperar com ele e não vamos implementar suas decisões", declarou ele no domingo.
Ele também garantiu que não participará da reunião na terça-feira do Alto Representante com a presidência tripartite, também composta por um croata e um muçulmano.
* AFP