A operadora norueguesa de telecomunicações Telenor anunciou nesta quinta-feira (8) a venda de sua filial em Mianmar por US$ 105 milhões, como consequência do golpe militar neste país.
"A situação em Mianmar nos últimos meses se tornou cada vez mais difícil para a Telenor por razões de segurança pessoal, regulação e cumprimento" das normas, disse o diretor-executivo da empresa, Sigve Brekke, em um comunicado.
"Consideramos todas as opções e acreditamos que a venda do negócio é a melhor solução possível nesta situação", acrescentou.
O comprador da Telenor Myanmar, que tem cerca de 18 milhões de assinantes em Mianmar, é a empresa financeira libanesa M1 Group, que pagará US$ 105 milhões, mais da metade (55 milhões) ao longo de cinco anos.
Fundada pelo milionário e ex-primeiro-ministro libanês Nayib Azmi Mikati e seu irmão, esta empresa está na lista negativa do movimento britânico Burma Campaign, que reúne empresas internacionais que lidam com os militares birmaneses.
De acordo com um relatório de 2019 do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, M1 participa da Irrawaddy Towers Asset Holding, uma empresa que aluga torres de telecomunicações para a MEC, uma operadora de telemarketing controlada pelo Exército.
Em maio, a Telenor havia desvalorizado totalmente sua filial birmanesa, de 6,5 bilhões de coroas (767 milhões de dólares) para zero, diante da deterioração da situação neste país asiático.
O exército birmanês destituiu a líder civil Aung San Suu Kyi em um golpe de Estado em 1º de fevereiro. Os militares alegaram que houve fraude nas eleições parlamentares vencidas por seu partido com ampla margem em novembro. Desde então, o país foi tomado por protestos duramente reprimidos.
O golpe também aumentou as tensões entre os militares e alguns dos muitos grupos étnicos do país, onde as conexões de Internet continuam sendo interrompidas para evitar que protestos sejam organizados, e a população, informada.
"A contínua deterioração da situação e os recentes acontecimentos em Mianmar estão na base da decisão de ceder a empresa", completou a Telenor.
A operação ainda não foi aprovada pelas autoridades birmanesas.
* AFP