A Noruega convocou nesta segunda-feira (19) um encarregado da embaixada chinesa em Oslo após uma invasão informática "inaceitável" contra seu Parlamento realizada a partir do país asiático, informaram as autoridades norueguesas.
Sete meses após um primeiro ataque cibernético atribuído a hackers russos, o Parlamento norueguês anunciou em março que havia sido vítima de outro que, em todo o mundo, afetou os serviços de mensagens Exchange da Microsoft.
"Convocamos a embaixada chinesa hoje cedo", disse a chefe da diplomacia norueguesa, Ine Erkisen Søreide, em uma coletiva de imprensa. "Deixamos claro para eles que esse tipo de ataque é inaceitável", acrescentou.
A operação, que explorou vulnerabilidades no Microsoft Exchange, permitiu um vazamento de dados, cujo alcance não foi especificado.
"Esta invasão é muito séria", já que visava "nossa instituição democrática mais importante" e foi executada "na China", afirmou a chancelaria da Noruega em um comunicado.
O Ministério das Relações Exteriores não incrimina diretamente as autoridades chinesas.
Nesta segunda-feira, Washington e seus aliados condenaram, em uníssono, as "maliciosas" atividades cibernéticas de Pequim e acusaram o governo chinês de realizar operações de extorsão contra suas empresas e também de ameaçar sua segurança.
Os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido, em declarações simultâneas, também culparam a China pela invasão massiva que atingiu o Microsoft Exchange em março.
Assegurando que não havia sido consultada pela Noruega, a embaixada chinesa em Oslo considerou que, em termos de cibersegurança, era aconselhável privilegiar a "cooperação" à "manipulação política" e pediu "fatos e evidências para facilitar os esforços para encontrar a verdade".
"Estamos prontos para cooperar com todas as partes interessadas, com base em fatos e evidências, para combater conjuntamente as atividades ilegais no ciberespaço", disse a embaixada em um comunicado.
"Ao mesmo tempo, nos opomos fortemente às acusações infundadas e calúnias contra a China", acrescentou.
Em 2010, a concessão - por um comitê independente do poder norueguês - do Prêmio Nobel da Paz ao dissidente chinês preso Liu Xiaobo rendeu à Noruega um congelamento duradouro nas relações diplomáticas bilaterais com a China.
* AFP