Na Nigéria, país mais populoso da África, a inflação provocada pelos fortes aumentos dos preços dos alimentos colocou quase 7 millhões de pessoas a mais na pobreza, de acordo com um relatório do Banco Mundial (BM) publicado na terça-feira (15).
A maior economia da África entrou em recessão em 2020 por causa da pandemia e da queda do preço do petróleo, seu principal recurso, antes de registrar um crescimento muito fraco no começo de 2021.
"Em 2020, a economia nigeriana se contraiu menos (-1,8%) que o previsto no início da pandemia de covid (-3,2%). No entanto, apesar de ter recuperado (levemente) o crescimento, os preços aumentaram rapidamente, prejudicando gravemente as famílias nigerianas", explica o relatório do BM.
"Só no ano 2020, o aumento dos preços levou quase 7 milhões de nigerianos para abaixo da linha da pobreza", calcula a entidade financeira, que explica que "os preços dos alimentos representam mais de 60% do aumento total da inflação".
Entre março de 2020 e o mesmo mês em 2021, os preços aumentaram 18,17% na Nigéria, destaca o Escritório Nacional de Estatísticas, a maior taxa registrada em quatro anos.
De acordo com o World Poverty Clock, que se apoia em dados da ONU, do FMI e do BM, 41% da população nigeriana - quase 87 milhões de pessoas - vive com menos de 1,90 dólares (1,57 euros) por dia.
"A Nigéria enfrenta desafios como a inflação, o desemprego e a insegurança", destaca o diretor do Banco Mundial para a Nigéria, Shubham Chaudhuri.
O primeiro produtor de petróleo da África Subsaariana precisa urgentemente reduzir a inflação, promovendo o crescimento inclusivo e a criação de empregos, e também fornecendo acesso ao financiamento para as PMEs, para ajudar a compensar o impacto do aumento dos preços, afirma o relatório.
Além da inflação, o aumento do desemprego deixou um terço da população ativa nigeriana sem trabalho no final de 2020, de acordo com o escritório de estatísticas.
* AFP