Centenas de iraquianos protestaram em várias cidades, nesta segunda-feira (21), contra a decisão do Banco Central do Iraque (BCI) de desvalorizar o dinar iraquiano em quase 25% em relação ao dólar americano.
No final da semana passada, o BCI definiu uma nova taxa de câmbio para a moeda nacional, que vai de 1.450 dinares por dólar, frente os 1.190 até agora, pela primeira vez em meia década.
Centenas de manifestantes se reuniram na icônica Praça Tahrir de Bagdá para denunciar o golpe repentino sobre o seu poder de compra e pedir ao governo que reconsidere sua decisão.
"Antes do dinar, é o governo que deve entrar em colapso", dizia a faixa de um jovem manifestante.
Entre os presentes, encontram-se, principalmente, idosos e aposentados. Eles criticam uma medida que reduziu suas aposentadorias de forma considerável.
O Batalhão de Choque se posicionou ao redor da praça, mas a manifestação foi pacífica.
A Praça Tahrir foi o epicentro de protestos ocorridos entre outubro de 2019 e novembro do ano passado contra a corrupção e a incompetência do governo, que tiveram registros de violência.
Nesta segunda-feira, centenas de manifestantes também se reuniram na cidade de Kut, no sudeste do país, onde os comerciantes disseram que agora são forçados a importar menos, porque os produtos comprados no exterior são pagos em dólares americanos.
Comerciantes e atacadistas de alimentos na cidade de Nasiriyah, no sul, viram seus preços subir 20%, de acordo com um correspondente da AFP.
A decisão do BCI de desvalorizar o dinar gerou pânico na população. Muitos iraquianos foram às casas de câmbio para comprar dólares, e aos supermercados, para adquirir suprimentos.
O ministro das Finanças, Ali Allawi, informou à imprensa no domingo que essas medidas são as únicas capazes de evitar um colapso total.
"Se não tivéssemos mudado a taxa, ou ajustado nossos gastos, nossas reservas [de câmbio] teriam-se esgotado em seis, ou sete, meses", ressaltou.
O projeto de orçamento para 2021 introduz, em particular, um imposto sobre rendimento.
O Iraque também está tentando aumentar suas receitas não petrolíferas, à medida que seus ganhos relacionados a esta commodity caem.
* AFP