O ministro das Relações Exteriores do Iêmen, Ahmed bin Mubarak, prometeu nesta quinta-feira(31) "restaurar a estabilidade" em seu país devastado pela guerra, um dia após um ataque mortal no aeroporto de Aden (sul) que visava membros do novo governo de unidade nacional.
As explosões deixaram pelo menos 26 mortos, incluindo três trabalhadores humanitários e um jornalista, e mais de 50 feridos na quarta-feira no aeroporto de Aden, capital provisória do Iêmen, onde o novo governo de unidade havia acabado de chegar, mas não houve nenhuma morte entre os ministros.
"O governo está determinado a cumprir seus deveres e trabalhar para restaurar a estabilidade no Iêmen. Este ato terrorista não o deterá", disse o ministro Ahmed bin Mubarak à AFP.
Apesar dessas promessas, em um país devastado pelo conflito, os habitantes de Aden não escondem sua raiva.
Nour, de 28 anos, denuncia "a estupidez" do governo em termos de segurança, responsável, segundo ela, por este "dia doloroso e assustador".
O governo se reuniu pela primeira vez em Aden nesta quinta-feira e observou um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do ataque.
"As primeiras descobertas da investigação mostram que a milícia terrorista Houthi está por trás desse ato criminoso", declarou o primeiro-ministro Main Said na reunião.
- "O ataque mais importante" -
O conflito no Iêmen coloca o governo reconhecido internacionalmente contra os rebeldes houthi, que conquistaram grande parte do norte do país, incluindo a capital histórica Sanaa em 2014.
As forças leais ao poder têm sido apoiadas desde 2015 por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, que luta contra rebeldes apoiados por seu grande rival regional, o Irã.
Até o momento, os houthis não comentaram o ataque de quarta-feira.
O governo e seus apoiadores já foram alvos de rebeldes e jihadistas da Al Qaeda e do Estado Islâmico. O porta-voz das Relações Exteriores do Irã, Said Khatibzadeh, denunciou "a invasão e ocupação estrangeira no Iêmen" como "a principal causa da instabilidade", referindo-se à coalizão militar liderada por Riade.
O conflito mergulhou o Iêmen, um país muito pobre da Península Arábica, na pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU, com dezenas de milhares de mortos, milhões de deslocados e uma população à beira da fome.
Para o analista iemenita Maged al Madhaji, o ataque de quarta-feira é "o mais importante da guerra no Iêmen".
"Isso poderia ter destruído o governo legítimo em sua totalidade", explicou à AFP o diretor do Centro de Estudos Estratégicos de Sanaa.
* AFP