A oposição pediu, nesta segunda-feira (26), pela primeira vez desde o início dos protestos na Tailândia, a renúncia do primeiro-ministro, enquanto milhares de manifestantes se reuniram em frente à embaixada da Alemanha - um gesto de desafio ao rei que visita esse país com frequência.
Há mais de três meses nas ruas, os manifestantes exigem a saída de Prayut Chan-O-Cha, que está no poder desde o golpe de Estado de 2014 e foi legitimado por polêmicas eleições no ano passado.
Também pedem uma reforma da Constituição, assim como da poderosa e riquíssima monarquia, um tema tabu até muito recentemente.
"Estou a par dessas reivindicações (...), e vários temas estão sendo trabalhados agora", rebateu Prayut Chan-O-Cha em pronunciamento diante dos parlamentares, sem dar detalhes, ou mesmo um calendário de ações.
No sábado à noite, ele já havia afirmado: "Não vou renunciar", ignorando, com isso, um ultimato de três dias dado pelos ativistas pró-democracia.
Prasert Jantararuangthong, secretário-geral do Pheu Thai, o maior partido de oposição do país, pediu no Parlamento "ao general Prayut Chan-o-Cha que renuncie ao seu cargo de chefe de Governo. Isso resolverá todos os problemas e permitirá não destruir o país ainda mais".
Vários apelos por sua renúncia também surgiram de partidos da oposição.
- Desafio sem precedentes para a monarquia
O Parlamento se reúne nestas segunda e terça-feiras para uma sessão extraordinária dedicada à crise gerada pelos protestos.
O governo pediu aos deputados e senadores que estudassem algumas concentrações que considera "ilegais", porque poderiam representar um atentado contra a monarquia.
Em 14 de outubro, dezenas de manifestantes ergueram três dedos durante a passagem da rainha Suthida e do príncipe herdeiro, um gesto que se tornou símbolo de resistência e um desafio sem precedentes para a monarquia na Tailândia.
Por esse incidente, três militantes estão sendo investigados por "violência contra a rainha". Se forem considerados culpados, podem ser condenados à prisão perpétua.
No total, 84 pessoas estão sendo investigadas desde 13 de outubro com base em acusações "muito vagas e políticas", afirma a Anistia Internacional em um comunicado.
Milhares de pessoas se reuniram hoje à tarde na frente da embaixada da Alemanha, em mais uma ação contra o rei Maha Vajiralongkorn, que com frequência reside no país europeu.
Maha Vajiralongkorn não comentou os acontecimentos, mas, em um fato raríssimo, apareceu em público várias vezes nos últimos dias.
O movimento pró-democracia, composto em sua maioria por jovens urbanos, deseja uma reforma em profundidade da monarquia. Pede a abolição do crime de lesa-majestade, o controle sobre a fortuna da monarquia e a não ingerência do rei nos assuntos políticos.
* AFP