A Administração do Canal do Panamá (ACP) injetará mais 1,4 bilhão de metros cúbicos de água na via interoceânica para garantir seu funcionamento, ameaçado pelas mudanças climáticas, anunciaram nesta terça-feira (8) autoridades da rota.
A ACP iniciou o processo de licitação para que uma empresa desenhe, construa e implante um sistema para otimizar o uso da água no canal, em um momento em que o país centro-americano apresenta registros críticos de chuvas.
"O contrato estabelece um mínimo de 1,4 bilhão de metros cúbicos" de água adicional para o funcionamento da rota, disse o vice-presidente do Projeto Hídrico do Canal do Panamá, José Reyes, em entrevista coletiva realizada no formato virtual.
A estrada de 80 quilômetros representa 3,5% do comércio mundial, segundo a ACP.
Seus principais usuários são os Estados Unidos, China e Japão, e suas rotas vão da Ásia à costa leste da América do Norte.
Em 2019, a bacia hidrográfica do Canal, da qual a maior parte do Panamá também se abastece, teve o quinto registro de chuvas mais baixo dos últimos 70 anos.
A situação fez com que dos 5,25 bilhões de metros cúbicos de água doce necessários para o Canal operar, apenas cerca de 3 bilhões estejam disponíveis.
Autoridades panamenhas alertaram que a falta de água, resultado da mudança climática, é o maior desafio do canal, que se viu obrigado a adotar medidas paliativas.
O vice-presidente de Água e Meio Ambiente do Canal do Panamá, Daniel Muschett, afirmou nesta terça-feira que a via foi algumas vezes forçada a "restrições operacionais que afetam o trânsito e os negócios" devido aos efeitos das mudanças climáticas.
Para enfrentar a situação, o ACP considera procurar novas fontes de água, subterrâneas ou de estações de tratamento, construindo reservatórios ou dessalinizando a água do mar.
A ACP pretende investir cerca de 2 bilhões de dólares no projeto de gestão das águas, dos quais a maior parte irá para a empresa vencedora da licitação e que deverá iniciar as obras em 2022.
O objetivo é poder contar até 2025 "com um sistema de gestão da água que devolva a confiabilidade ao Canal do Panamá (e) garanta o abastecimento de água para consumo humano pelos próximos 50 anos", ressalta Reyes.
Nesta segunda-feira, o administrador do canal, Ricaurte Vásquez, qualificou a obra como "fundamental".
"Estou confiante que esta medida protegerá o futuro da rodovia como um dos eixos mais importantes do comércio mundial", acrescentou Vásquez.
* AFP