O partido que governa o Zimbábue desde 1980 conquistou a maioria absoluta dos deputados nas eleições legislativas de segunda-feira, as primeiras no país sem a presença de Robert Mugabe
"O Zanu-PF conseguiu 110 cadeiras (de um total de 210) na Assembleia Nacional, enquanto o partido opositor Movimento pela Mudança Democrática (MDC) conseguiu 41 deputados", anunciou o canal de televisão público ZBC, com base nos resultados da Comissão Eleitoral em 153 circunscrições de um total de 210.
Os observadores da União Europeia (UE) devem publicar nas próximas horas o relatório preliminar sobre as eleições presidenciais, legislativas e municipais de 30 de julho.
Estas eleições foram as primeiras após a queda de Mugabe, deposto em novembro pelo exército e por seu próprio partido, o Zanu-PF.
Após a chegada ao poder de Mugabe em 1980, as eleições no Zimbábue sempre foram marcadas por denúncias de fraude e por confrontos violentos.
O atual presidente Emmerson Mnangagwa, ex-braço direito de Mugage, prometeu eleições justas, pacíficas e transparentes. Ele convidou observadores ocidentais para acompanhar o processo, algo inédito nos últimos 16 anos.
Mas o líder da oposição, Nelson Chamisa, denunciou no Twitter que a Comissão Eleitoral, criticada por sua parcialidade durante a era Mugabe, "quer publicar os resultados para ganhar tempo e impedir a vitória do povo nas eleições presidenciais".
"A estratégia tem como objetivo preparar mentalmente o Zimbábue para que aceite os falsos resultados das presidenciais", completou Chamisa.
Na terça-feira, o MDC, partido de Chamisa, reivindicou a vitória.
Os resultados definitivos da disputa entre Mnangagwa e Chamisa ainda não foram anunciados. O canal ZEC advertiu que os números finais não devem ser divulgados antes de sexta-feira ou sábado, o que revoltou o MDC, que acusa a Comissão Eleitoral de querer manipular os resultados.
Se nenhum candidato conquistar a maioria absoluta no primeiro turno, os dois mais votados disputarão o segundo turno em 8 de setembro.
Os resultados das legislativas anunciados nesta quarta-feira pela Comissão Eleitoral contradizem a vitória reivindicada na terça-feira pelo MDC.
"Recebemos os resultados de nossos colaboradores (...). Os resultados mostram, para além de qualquer dúvida razoável, que ganhamos as eleições e que o próximo presidente do Zimbábue será Nelson Chamisa", afirmou um dos principais líderes do MDC, Tendai Biti, que citou o candidato do partido.
A declaração irritou o governo. Nesta quarta-feira, dois caminhões equipados com jatos de água e um veículo da unidade antidistúrbios estavam posicionados diante da sede do MDC, onde algumas pessoas comemoravam, convencidas da vitória de Chamisa.
O presidente Emmerson Mnangagwa, líder do Zanu-PF e que aspira o segundo mandato, se mostrou confiante na vitória.
As informações obtidas por meus representantes são muito positivas", disse Mnangagwa.
Estas eleições são as primeiras nos últimas quatro décadas no Zimbábue sem a presença de Robert Mugabe, deposto em novembro pelo exército e o Zanu-PF, depois de passar 37 anos no poder.
* AFP