O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, se reuniu nesta quinta-feira (8) em Adis Abeba com o presidente da Comissão da União Africana (UA), Musa Faki, que pediu para virar a página da polêmica causada pelas palavras atribuídas ao presidente Donald Trump sobre os "países de merda".
Em uma reunião na sede da UA na capital etíope, Tillerson e Faki falaram sobre contraterrorismo, segurança, comércio, desenvolvimento, corrupção e conflitos.
A visita de Tillerson acontece em um contexto polêmico sobre essa expressão relativa aos "países de merda". Trump a teria usado para qualificar El Salvador, Haiti e países africanos durante uma reunião a portas fechadas em meados de janeiro, segundo vários meios de comunicação e um senador que participou dela.
Esta declaração suscitou uma onda de indignação na África. Trump alegou, de uma forma rebuscada, que havia recorrido a uma linguagem "dura", mas não a estas palavras.
Mas Faki assegurou que esta polêmica já é passado. "Recebi uma carta do presidente Trump, dirigida a mim, e falei disso com outros dirigentes africanos. Este incidente é passado", declarou em coletiva de imprensa conjunta.
Esta primeira viagem africana de Tillerson, que na sexta-feira irá para Djibuti e Quênia, e na semana que vem para Chade e Nigéria - todos aliados dos Estados Unidos na luta contra o extremismo islamita -, foi descrita pelos analistas como uma "viagem de escuta", que não gerará nenhum anúncio de especial importância.
- Prioridade à segurança -
Para os observadores, a escolha dos países visitados por Tillerson reflete a vontade dos Estados Unidos de se concentrarem, antes de tudo, em temas de segurança na África.
Com Faki, Tillerson falou do apoio de Washington às forças antiterroristas africanas mobilizados no Sahel ou na Somália, país onde os Estados Unidos multiplicaram as operações nos últimos meses, embora não tenha anunciado nenhum compromisso direto.
O secretário de Estado disse que sua visita "reflete a importância que o continente tem para os Estados Unidos, tanto do ponto de vista de segurança como econômico".
Sobre o tema, advertiu aos países africanos sobre o risco de dependência ante os investimentos chineses, embora tenha detalhado que os Estados Unidos "não tentam de nenhuma maneira" impedir que esses capitais chineses fluam para a África.
Também pediu que apoiem os esforços de Washington para convencer a Coreia do Norte a abandar sua busca pela arma nuclear. "Os países africanos podem desempenhar um papel" nesse objetivo, assegurou.
A viagem de Tillerson coincide com a de seu contraparte russo, Sergei Lavrov, para Angola, Namíbia, Moçambique, Zimbábue e Etiópia.
A Rússia propôs que ambos os responsáveis se reunissem na Etiópia, mas os Estados Unidos teriam declinado a oferta, segundo explicou Lavrov no Zimbábue nesta quinta-feira.
* AFP