O Vietnã celebrou nesta quarta-feira com grandes pompa espetáculos patrióticos o 50º aniversário da "Ofensiva do Têt", que marcou o antes e o depois da Guerra do Vietnã contra os Estados Unidos.
Artistas e acrobatas com uniformes de soldados ou roupas de camponeses realizaram apresentações diante de grandes painéis e na presença dos veteranos de guerra sentados na primeira fileira do espetáculo.
"Resistimos até que acabaram as balas, depois largamos as armas e recuamos", recorda Nguyen Van Duoc, 75 anos, em entrevista à AFP.
"A ofensiva geral da primavera de 1968 será para sempre um símbolo de patriotismo, de determinação, de vontade pela independência e liberdade", declarou Nguyen Thien Nhan, secretário do Partido Comunista do Vientã na região de Ho Chi Minh.
Há 50 anos, em 30 de janeiro de 1968, véspera do Ano Novo Lunar chamado Têt no Vietnã, as forças comunistas norte-vietnamitas lançaram uma ofensiva geral surpresa, que marcaria a virada da guerra.
Durante a ofensiva, milhares de combates do exército do Vietnã do Norte e do Vietcong (Frente Nacional de Libertação do Vietnã), que operava no sul, conquistaram mais de 100 localidades.
Apesar das baixas humanas significativas (estimadas em pelo menos 58 mil mortos entre os combatentes norte-vietnamitas), a vantagem tática tomada durante esse ataque surpresa de dezenas de milhares de combatentes permitiu às tropas do Norte recuperar mais de cem localidades das forças do Sul, apoiadas pelos Estados Unidos.
Também deu força aos partidários de uma retirada dos Estados Unidos do Vietnã, marcando um ponto de virada na guerra psicológica. O ano de 1968 foi o mais mortal do conflito para os americanos.
Eles cometeram o erro tático de se preparar para um ataque em torno da bacia de Khe Sanh, na linha divisória entre o Vietnã do Norte e do Sul. Enquanto isso, as tropas norte-vietnamitas sitiaram Saigon e Hue, cidades estratégicas.
Os soldados norte-vietnamitas, que até então tinham estado limitados às áreas rurais, lideraram com a ofensiva Têt, pela primeira vez, um ataque geral, inclusive nas cidades.
Mas a população do Vietnã do Sul estava longe de ser conquistada para a causa comunista. E a luta urbana mais sangrenta e mais longa ocorreu em Hue, a antiga capital imperial.
Muitos combatentes conseguiram atravessar as linhas inimigas disfarçando-se de civis, alguns com roupas femininas ou até mesmo disfarçados de soldados do Sul.
Eles conseguiram esconder armas sob suas vestes, em suprimentos de comida, em barco ou caminhão.
Os Estados Unidos detectaram alguns movimentos, mas subestimaram as ambições e as capacidades do Norte.
Os comunistas também foram ajudados pela rede de espiões instalada no Sul e, em particular, muitas mulheres, vendedoras ambulantes em Hue, capazes de fornecer informações sobre as tropas do Sul.
Atualmente, a "Ofensiva do Têt" é celebrada como uma vitória do Norte pelos herdeiros do regime comunista da época, que seguem no poder em Hanoi, no Vietnã unificado.
Mas o que a história oficial costuma silenciar é que a ofensiva em si, apesar de ter tido um impacto de longo prazo, foi um fracasso militar em um primeiro momento.
Foi apenas em abril de 1975 que a guerra do Vietnã terminou.
Segundo cifras oficiais, 2,5 milhões de soldados vietnamitas dos dois laos e mais de três milhões de civis morreram durante a guerra.
Por sua parte, Estados Unidos tiveram mais de 58.000 soldados mortos, segundo também segundo cifras oficiais.
* AFP