O chanceler mexicano, Luis Videgaray, garantiu, neste sábado (11), que a relação com os Estados Unidos é "próxima", um ano depois da eleição de Donald Trump, e disse acreditar na manutenção da troca comercial com o país vizinho, mesmo se fracassarem as negociações do Nafta.
"Temos diferenças claras com o governo do presidente Trump (...) mas, ao longo desses meses, conseguimos construir uma boa relação de trabalho, inclusive uma relação próxima de trabalho", disse Videgaray em entrevista à AFP em Danang, onde acontece a cúpula da Apec.
As tensas relações entre México e Estados Unidos desde a chegada de Trump - em particular por sua intenção de construir um muro na imensa fronteira compartilhada - também têm consequências para a área econômica.
A pedido de Trump, que considera o Nafta injusto, México, Estados Unidos e Canadá estão renegociando o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte, em vigor desde 1994 e que, até agora, foi vital para a economia mexicana.
"Para o México, é melhor que o Nafta continue, sempre e desde que seja renegociado em termos favoráveis para o México", frisou o ministro das Relações Exteriores, à espera da próxima e complexa rodada de negociações que começa na semana que vem em seu país.
"É melhor o futuro com o Nafta? Sim. O México pode seguir adiante sem o Nafta? É claro que sim", completou.
A próxima rodada de negociações do Nafta - a quinta - começa na próxima semana com perspectivas difíceis, depois de a anterior ter sido concluída com trocas de acusações entre os três sócios.
"É uma realidade que o comércio entre México e Estados Unidos continuaria, mesmo sem o Nafta. Mais da metade do comércio se faz conforme as regras da OMC [Organização Mundial do Comércio], e não com o Nafta. A maioria dos produtos enfrentaria tarifas muito baixas", garante.
Entre outras polêmicas propostas, os Estados Unidos teriam exigido restringir a entrada de produtos lácteos, ou limitar a circulação de caminhões mexicanos em território americana.
Além de Washington, também pede que o acordo dure apenas cinco anos, sendo necessário renová-lo depois - o que seus parceiros rejeitam.
- Diversificação -
Agora, a menos de um ano das eleições mexicanas, que acontecem em julho, o México continua fazendo esforços para diversificar seu comércio e tentar buscar outros sócios para limitar sua dependência dos Estados Unidos.
Nesse sentido, o México assinou em Danang, junto com outros dez países, um documento que estabelece as bases para um ambicioso tratado comercial, agora chamado de Acordo Transpacífico Abrangente e Progressista (CPTPP).
Trata-se do até então conhecido como TPP, um texto que ficou em ponto morto após a decisão de saída por parte dos Estados Unidos, e que os países restantes (Brunei, Chile, Nova Zelândia, Cingapura, Austrália, Canadá, Japão, Malásia, México, Peru e Vietnã) querem potencializar.
"É um bom passo na direção correta, mas há trabalho a fazer", disse Videgaray, explicando que, se o CPTPP entrar em vigor, permitirá ao México estabelecer relações comerciais com seis países, com os quais até agora não tinha acordos.
pc.zm/es/tt
* AFP