O agora comentarista Pablo Zabaleta desfila pela Copa do Mundo de terno, acostumado a ser confundido com o presidente da federação espanhola Luis Rubiales. A pouco mais de 48 horas da final, ele volta a calçar chuteiras para um torneio de 'Legends' com outros ex-jogadores, e confessa temer um "impressionante" Antoine Griezmann.
Aposentado em 2020, Zabaleta, de 37 anos e 58 jogos pela Argentina, está no Catar como comentarista de televisão. Há oito anos, no Mundial do Brasil-2014, viveu em campo com Lionel Messi a final perdida por 1 a 0 na prorrogação para a Alemanha. No domingo, contra a França, surge uma nova oportunidade para a 'Albiceleste'.
Pergunta: Quais pontos fortes e fracos você destacaria na França?
Resposta: "É um time físico, bastante direto, com muita velocidade pelas laterais e (Olivier) Giroud como finalizador na área. Com um Griezmann impressionante que está fazendo o papel de (Paul) Pogba, (N'Golo) Kanté e (Karim) Benzema. E a defesa é muito forte e contundente também. Mas se você analisar o jogo contra o Marrocos verá que no final é um time que deixa espaços entre as linhas e pode ser atacado. Se encontrarmos nossos jogadores em uma posição de vantagem com espaço, eles podem girar e atacar a linha defensiva para criar chances. E na defesa temos que ficar atentos às viradas porque a França pode tirar proveito da velocidade".
P: Você viu o Lionel Messi de dentro da seleção e agora de fora. Ainda te surpreende que Messi mantenha um nível tão alto?
R: "Ele é um vencedor, um gênio. Eles têm aquela mentalidade de sempre querer vencer. Agora ele sabe que é sua última chance, sua última Copa do Mundo. Sendo o capitão do time, depois de sempre ter sido o melhor, agora é o líder desta nova geração, mostrando o caminho e com o desafio pessoal de levantar a taça".
P: Você percebe uma mudança na liderança de Messi?
R: "Sim, ele está sendo um pouco mais notório. Ele lidera a equipe de uma forma que eu amo, gosto de vê-lo bravo, muito participativo em muitas questões que talvez pudéssemos vê-lo em menor grau antes. Agora ele está sendo mais líder do que nunca".
Q: Dos jogadores que estão estreando na Copa do Mundo, quem está te surpreendendo?
R: "Alexis Mac Allister, Enzo Fernández e Julián Álvarez começaram a Copa do Mundo como reservas e estão terminando como titulares absolutos e destaques aos 21 e 22 anos. Conheci Julián na pré-temporada com o (Manchester) City, vi alguns dos treinos e falei com Pep (Guardiola). Ele me disse que ficou impressionado com a capacidade de sacrifício, de trabalho, não é uma virtude fácil de encontrar nos atacantes. São poucos os que trabalham como o Julián, sempre pressionando os zagueiros centrais, se juntando ao meio de campo. É assombroso".
P: O que você acha do trabalho de Lionel Scaloni?
R: "Quando ele começou na seleção, muita gente duvidava devido à pouca experiência. Mas às vezes o futebol mostra que a melhor experiência que você pode ter é a que você viveu como jogador. Não há nenhum curso de treinador que te ensine o que vive um jogador em um vestiário. E além do mais ele já esteve com Sampaoli (técnico na Copa da Rússia-2018). Quando você é um treinador, tem que escolher bem os jogadores, montar um bom grupo e fazer com que eles se sintam bem. E cercar-se de boas pessoas como Pablo Aimar, Walter Samuel e Roberto Ayala. Isso é mais do que suficiente para ser um treinador de sucesso."
P: Como você vive uma Copa do Mundo como torcedor e comentarista depois de ter sido jogador?
R: "De dentro você vive com muita intensidade, permanentemente concentrado, com pouco contato com o entorno. Agora chego duas horas antes do campo e divido com outras pessoas. Até aprendi as músicas. É uma experiência nova e diferente, comentare analisar as partidas. Do lado de fora há tensão, mas mais relaxado do que do lado de dentro".
* AFP