Um novo projeto criado para casinhas anexas para quintais e áreas externas propõe painéis solares extragrandes e baterias capazes de produzir e de armazenar mais energia do que os moradores da casa principal realmente precisam. Além desse design trazer a energia renovável para a vida doméstica, ele permite que todo o investimento na casinha anexa se pague somente com a economia nas contas de luz.
A Cosmic, startup que constrói essas casas minúsculas totalmente elétricas, pretende enfrentar simultaneamente dois desafios. O primeiro deles é que os EUA precisam construir milhões de casas – 6,8 milhões de unidades, segundo uma estimativa – para lidar com a escassez de moradias que está ajudando a elevar os preços das casas e dos aluguéis. Pequenas casas com quintal poderiam ajudar a preencher parte dessa lacuna, criando novos espaços para aluguéis. O segundo desafio é que as residências também são uma importante fonte de emissões de carbono. A organização sem fins lucrativos Rewiring America estima que uma mudança que as casas funcionassem apenas com eletricidade, dos fornos e fogões aos carros da família, poderia reduzir em cerca de 40% as emissões do país.
“A indústria da construção não está pronta para enfrentar a emergência [climática]”, diz o fundador da Cosmic, Sasha Jokic. Ao mesmo tempo, a construção civil está sofrendo para resolver o déficit habitacional. A construção tradicional, com cada casa sendo construída como um projeto único, é cara e difícil de entregar rapidamente e, em muitas áreas, há escassez de trabalhadores da construção civil.
Como algumas outras startups que constroem casinhas anexas para área externa ou “unidades de habitação acessória” (ou ADUs, como são conhecidas nos EUA), a Cosmic usa um design pré-fabricado, que pode ajudar a reduzir custos e acelerar a construção usando peças padronizadas – embora cada casinha seja personalizada para o comprador. Ele também usa um design totalmente elétrico e eficiente e energia renovável para torná-lo “zero líquido” para energia operacional, o que significa que as casas podem gerar pelo menos tanta energia quanto usam a cada ano.
As pequenas casas, que têm a partir de 32 metros quadrados, usam uma estrutura padronizada, que inclui energia solar e baterias embutidas, além de um telhado, piso e sistemas mecânicos, elétricos e hidráulicos embutidos. Jokic chama essa estrutura de “chassi”, comparando-a aos projetos que algumas montadoras estão usando para construir baterias na estrutura de um veículo elétrico. Outros elementos de construção, incluindo paredes e janelas, são projetados para serem pré-cortados na fábrica e instalados manualmente no local.
Uma bateria de íons de lítio armazena energia dos painéis solares no telhado e pode enviar energia extra para a casa principal ou para um carro elétrico da família. E ela pode até mesmo enviar energia de volta para a rede elétrica. A casa também armazena calor em um sistema com tanques de água quente e fria que podem fornecer aquecimento e resfriamento, a depender da demanda.
A startup, que atualmente está trabalhando no Autodesk Technology Center, em San Francisco – um programa de residência para empresas que inovam em design e construção – construiu um protótipo e começará a produzir no segundo semestre as suas primeiras casas para venda. A empresa está experimentando novos modelos financeiros. Por enquanto, ela planeja oferecer tanto a opção de comprar a casa anexa junto com toda a sua estrutura de painéis e bateria, com valor a partir de US$ 190.000, quanto a opção de comprar a casa separada do “pacote de energia”. Adquirir a segunda opção, a partir de US$ 150.000, implica que a Cosmic ainda seria proprietária da infraestrutura de energia renovável e da energia extra gerada – os moradores ganhariam energia de graça apenas para a casinha do quintal e um desconto na energia da casa principal. “O que estamos tentando fazer é realmente aproveitar o excedente da produção de energia em casa”, diz Jokic.
A empresa está começando a trabalhar primeiro na Califórnia, onde as leis estaduais e o apoio extra de cidades como Los Angeles tornaram mais fácil para os proprietários construir casas anexas em seus quintais. (Enquanto alguns estados seguiram o exemplo, outros ficaram para trás; e muitas cidades em outras partes do país ainda não permitem ADUs, ou exigem licenças caras e complexas.) A Califórnia agora estima que precisa construir 2,5 milhões de casas como essas até o final da década. Em uma estimativa mais antiga, a McKinsey Global Estimate sugeriu que o estado poderia adicionar cerca de 800.000 novas unidades através de casas de quintal.
À medida que a Cosmic for crescendo, Jokic pretende reduzir o custo de seus ADUs. Mas a startup também quer usar a mesma abordagem básica para construir casas unifamiliares maiores e, em seguida, edifícios multifamiliares, de duplex e triplex a prédios de apartamentos maiores. “Acho que o objetivo final desta empresa são edifícios multifamiliares, de até 15 unidades”, prevê Jokic. “Acreditamos piamente que esse será o futuro nas cidades americanas.” No ano passado, a Califórnia aprovou novas leis que permitem edifícios multifamiliares em lotes unifamiliares – uma outra maneira de ajudar a preencher a lacuna habitacional.
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