Por milhares de anos, os seres humanos levaram estilos de vida nômades. Hoje, nos instalamos em um lugar e só depois de um tempo nos mudamos. Tem gente que nunca chega a se acomodar de verdade. Nossas vidas flutuam, mas, exceto por casas-barco ou por moradias experimentais, os prédios permanecem ancorados no mesmo terreno. Depois de construídos, eles têm apenas dois destinos em potencial: serem demolidos ou reutilizados. Um prédio novo em Londres, no entanto, apresenta uma alternativa interessante: pode ser desmontado e transportado para outro lugar.
Projetado pelo escritório local de arquitetura IF_DO, esse edifício de escritórios de £ 400 mil está localizado em Rotherhithe, um bairro residencial no sul de Londres que já foi repleto de docas comerciais. Fica em um “espaço provisório”, uma solução popular no Reino Unido, que permite que pequenas empresas e grupos comunitários construam em terrenos temporariamente vazios, até que o conselho local desenvolva planos permanentes para a área.
Nesse caso, o edifício permanecerá no mesmo local por até 11 anos (embora tenha sido projetado para durar cerca de 50). Após esse período, poderá ser desmontado e reerguido em outra área. É uma ideia inovadora para espaços no Reino Unido e para outras cidades familiarizadas com o conceito de prédios móveis, como Paris ou Aarhus, na Dinamarca. Mas também fornece um modelo replicável para edifícios adaptáveis,
que podem ser desmontados ou reutilizados quando não forem mais necessários.
Crédito: Mike Massaro/ IF_DO/ Divulgação
O edifício foi desenvolvido pela Meanwhile Space (Espaço do Entretanto), uma companhia de interesse comunitário (CIC) que transforma espaços temporários em locais de trabalho acessíveis. Com 12 microunidades em torno de um espaço central compartilhado, o prédio de três mil metros quadrados está cumprindo seu papel de incubadora de pequenas empresas, incluindo uma de cuidados com a pele e um curso de costura.
A edificação consiste em cinco módulos que foram pré-fabricados em outro lugar e montados naquele terreno ao longo de cinco meses. Atrasos relacionados à pandemia retardaram a entrega em dois meses; a inauguração foi em novembro de 2021. A estrutura é feita de madeira com conectores de aço e um revestimento simples, para proteger o edifício de intempéries.
Crédito: Mike Massaro/ IF_DO/ Divulgação
“É como uma peça complexa de mobília plana”, explica Thomas Bryans, diretor da IF_DO, que descreve o prédio como “nômade”. Quando o edifício estiver pronto para ser desmontado e seguir em frente, seus conectores de aço e os vários elementos de madeira poderão ser desaparafusados.
A construção foi feita sobre uma fundação pré-existente, que sobrou das casas que existiam no local – a drenagem até se conecta à pré-existente. Isso significa que nenhum concreto adicional teve que ser usado e, se aquela fundação não existisse, Bryans imagina que provavelmente usaria pilhas de parafusos, que são basicamente parafusos gigantes que ajudam fixar o prédio ao solo. “É como se ele se encostasse de leve no chão”, explica Bryans.
Não está claro o que o terreno se tornará ao final do contrato de locação do edifício. Mas, quando ele for embora, a laje ficará para o próximo inquilino.
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