“Saúde mental” e “bem-estar mental” são frequentemente utilizados como sinônimos, mas na verdade são conceitos distintos, que devem ser abordados de maneiras diferentes. Hoje, é fundamental que empregadores ofereçam aos funcionários benefícios mais holísticos, que reconheçam essa distinção, principalmente enquanto enfrentamos uma pandemia.
Saúde mental é o termo usado quando se trata da avaliação clínica do estado psicológico de uma pessoa. Em geral, envolve diagnóstico específico para determinar qual o tratamento mais adequado. Segundo a Associação Psiquiátrica Americana, saúde mental significa “o funcionamento efetivo das atividades diárias (trabalho, escola, cuidados pessoais), que resulta em relacionamentos saudáveis e a capacidade de se adaptar e lidar com as adversidades.”
Já bem-estar mental é um conceito mais abrangente, de caráter preventivo, e que requer uma abordagem proativa no dia a dia. Diferentes áreas da vida de uma pessoa podem afetar seu bem-estar mental: de aspectos emocionais (como o estresse) até físicos (dieta, exercícios, parar de fumar), passando por inúmeros outros que afetam o trabalho e a vida privada, como relações familiares, situação financeira e profissional.
Nos últimos anos, especialistas ampliaram a definição do que é saúde mental para incluir conceitos mais amplos de bem-estar. A Organização Mundial da Saúde, por exemplo, segue a seguinte definição: “Saúde é um estado pleno de bem-estar físico, mental e social, e não ausência de doença ou enfermidade”.
Mais e mais empresas estão percebendo que a pandemia, juntamente com outros fatores sociais, econômicos e políticos dos últimos dois anos, alteraram nosso entendimento sobre como cuidar dos funcionários. Hoje, temos a compreensão de que “bem-estar” é muito algo mais complexo e de promove-lo se tornou mais desafiador.
Os benefícios que se tornaram o padrão por décadas – como planos de saúde e programas de assistência a funcionários que oferecem serviços clínicos de saúde mental em momentos de angústia ou crise – agora são vistos como limitados e insuficientes para atender a ampla gama de necessidades dos colaboradores.
Muitas empresas enxergam a falta de políticas de promoção do bem-estar como uma ameaça à produtividade. O comprometimento concreto com a saúde física, mental e espiritual de cada trabalhador é visto atualmente como uma vantagem competitiva na hora de recrutar e reter talentos em um momento de escassez de mão de obra e Grande Renúncia.
Iniciativas como melhores benefícios e dias de folga para cuidar da saúde mental tornaram-se comuns nos Estados Unidos em 2021. São avanços positivos, mas as empresas precisarão ir além em 2022. Elas deverão incentivar ainda mais políticas e práticas que auxiliem os funcionários a adquirir resiliência e alcançar um estado de bem-estar.
Em uma pesquisa da Harvard Business Review de 2020, 85% das pessoas entrevistadas afirmaram que seu bem-estar emocional diminuiu desde o início da pandemia. Essa é uma realidade que as empresas não podem mais ignorar e que precisam abordar de maneira firme e criativa.
Confira algumas dicas de por onde começar.
MOSTRE QUE O CUIDADO COM O FUNCIONÁRIO É PRIORIDADE
Ansiedade, estresse e burnout são frequentemente citados como os principais motivos da Grande Renúncia, uma tendência que tem levado cada vez mais funcionários a abandonar seus empregos voluntariamente. Para reter talentos e preparar as empresas para o futuro, líderes precisam promover um ambiente onde as pessoas se sintam valorizadas e tenham acesso a ferramentas que as ajudem a se sentir bem em todos os aspectos de suas vidas.
Toda empresa se orgulha em dizer que os funcionários são seu ativo mais valioso. No entanto, no pós-pandemia, terão de provar isso mais do que nunca. Empresas inteligentes entendem que os empregadores devem assumir maior responsabilidade no que diz respeito a dar suporte ao estilo de vida e às necessidades únicas de cada colaborador.
Pense nisso como “empatia aplicada à lógica dos negócios”: as pessoas são muito mais propensas a continuar em um trabalho quando sentem que a empresa realmente se importa com elas.
REFORMULE OS BENEFÍCIOS
2019 foi apenas alguns anos atrás. Entretanto, quando pensamos em como a maioria das empresas costumava abordar o bem-estar mental de seus funcionários, parece que foi há muito mais tempo. As políticas de saúde mental eram frequentemente associadas a benefícios médicos e os empregadores eram obrigados a escolher apenas uma ou outra medida para reduzir estresse, incentivar hábitos saudáveis ou estimular o vínculo entre funcionários.
Além do fato de que os serviços de saúde mental são frequentemente subutilizados devido ao seu estigma social, a prática de aconselhamento mental também caiu na armadilha de confundir saúde e bem-estar. Recorrer a um psiquiatra ou psicólogo para qualquer coisa que afeta um espectro mais amplo do bem-estar mental é como correr para o pronto-socorro por causa de um simples arranhão. As pessoas precisam de mais do que acesso a um terapeuta. É necessário incluir todas os outros aspectos que impactam positivamente a mente, o corpo e a alma.
Para isso, as empresas precisam oferecer benefícios mais abrangentes, que contemplem aspectos como pensamento positivo, prevenção de burnout, melhora da qualidade do sono e até perda de peso, além de outros aspectos relacionados à família (lidar com pais, filhos ou outras pessoas importantes).
ADOTE O CONCEITO DE INTEGRAR TRABALHO E VIDA
Mais e mais pessoas estão trabalhando remotamente. A rotina de trabalho se tornou mais fluida. Esse novo cenário deu origem ao conceito de “integração trabalho-vida”, que descreve a sinergia entre todas as áreas da vida: o trabalho, a família, o envolvimento na comunidade, o bem-estar pessoal. Em vez de impor limites irreais entre vida pessoal e profissional, as pessoas podem lidar com tarefas relativas ao trabalho nos momentos em que for mais conveniente para elas. Trata-se mais de harmonia do que de equilíbrio.
As abordagens modernas de suporte aos funcionários permitem que se mantenham autênticos dentro desse novo ambiente. Eles reconhecem que o bem-estar mental é um conjunto de peças interconectadas, uma influenciando a outra, todas contribuindo de maneira holística para uma melhor qualidade de vida.
Antes, empresas consideravam que cabia ao funcionário encontrar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Mas, no ambiente pós-pandemia, cabe ao empregador dar este suporte de diferentes formas, que contemplem múltiplos aspectos. E, que juntas, promovam uma melhor integração trabalho-vida.
O BEM-ESTAR É MAIS QUE UMA TENDÊNCIA
Antes da pandemia, poucos estavam dispostos a reconhecer a importância do tema saúde mental, devido ao estigma e à falta de recursos disponíveis para um suporte abrangente e eficiente.
A pandemia não foi responsável por exigir uma atenção maior a essas questões: ela apenas sinalizou o que as empresas deveriam fazer. O foco no bem-estar emocional é um imperativo moral e uma estratégia fundamental para atingir resultados. Algo que precisava ser feito, tanto antes quanto agora.
Estamos constatando, hoje, que funcionários querem um novo tipo de suporte – mais personalizado, abrangente, proativo e preventivo – que englobe diferentes aspectos do bem-estar geral e dos desafios que enfrentam. Os quatro pontos acima mostram que as empresas já têm ao seu alcance as ferramentas para dar a eles o suporte que precisam.
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