Pergunte a qualquer CEO qual o maior problema que enfrenta atualmente e a resposta provavelmente será “encontrar o talento certo”. Ainda mais hoje, que vivemos uma nova tendência de pessoas abandonando seus empregos, a chamada Grande Renúncia. Mas se, por um lado, as empresas lamentam essa perda de trabalhadores, por outro, muitos apontam que elas simplesmente ignoram profissionais qualificados.
Até recentemente, o arquiteto de software Sean Mare era um desses profissionais. Mare, que possui mais de duas décadas de experiência na área, ficou desempregado de maio a dezembro de 2021. Além de sua rede de contatos, o LinkedIn Premium foi sua principal ferramenta de busca de emprego. Embora ele recebesse em média duas ou três propostas por semana, muitas não iam para frente, mesmo com a alta demanda na área em que atua.
Mare é um autodidata. Começou trabalhando com correspondências e, aos poucos, foi subindo de cargo, aprendendo sozinho sobre tecnologia e, finalmente, conseguiu uma vaga em uma empresa de consultoria que o apresentou a “dezenas de tecnologias e metodologias de diferentes indústrias, como farmacêutica, de saúde, de telecomunicações e de gemologia”. Ele conta que essa experiência, somada à sua habilidade de aprender rápido, o ajudou a adquirir “um profundo conhecimento de sistemas e arquiteturas empresariais”.
O fato de Mare não ter formação acadêmica na área foi uma barreira em apenas três dos muitos processos seletivos dos quais participou. Mas ele conta que sempre acabava sendo ignorado ou que, em algum momento do processo (em alguns casos, havia mais de cinco etapas), o recrutador encerrava a entrevista dizendo que ele parecia estar “muito nervoso”.
No entanto, se as empresas têm tanta dificuldade para encontrar novos talentos, por que ainda há profissionais qualificados sendo ignorados? Existem vários motivos, segundo a estrategista de recrutamento Diane Ruff. “Estamos em um momento no qual os candidatos estão em vantagem e as empresas precisam ter certeza de que estão diante de profissionais realmente interessados em trabalhar nelas.”, diz ela.
Aqui estão algumas formas de garantir que novos talentos não sejam ignorados pela sua empresa:
APERFEIÇOAR AS FUNÇÕES DE RH
“Uma das razões pelas quais as empresas não respondem tão bem aos candidatos e acabam retardando suas contratações – apesar da alta demanda por talentos – é que também há poucos deles participando dos processos seletivos”, explica Samantha Lawrence, vice-presidente sênior de estratégia de pessoas da Hired, empresa de contratação com foco em tecnologia e talentos de vendas. Se sua equipe de recursos humanos conta com poucos funcionários, é bem possível que você esteja perdendo grandes oportunidades, já que a contratação é um processo demorado.
Se este é o caso, o recrutador de executivos John K. Anderson aconselha examinar seus processos para ver se há maneiras de otimizar o fluxo de trabalho ou priorizar determinados cargos importantes. Procure novas formas de identificar, entrevistar e realizar possíveis contratações para que sua equipe se torne mais eficaz.
PROCURAR POR HABILIDADES TRANSFERÍVEIS
Diane Ruff ressalta que precisamos ficar mais atentos às habilidades transferíveis. Se um candidato em potencial tem um bom histórico e demonstra facilidade em se adaptar e aprender, é importante pensar em termos mais amplos sobre as funções para as quais essa pessoa pode ser adequada, diz ela. Um candidato inteligente, adaptável e que se comunica bem já possui qualidades valiosas que são difíceis de ensinar.
MANTER CONTATO
Durante o tempo que passou procurando emprego, Sean Mare costumava ficar bastante frustrado com recrutadores que o entrevistavam três ou quatro vezes e depois paravam de responder. Mantenha contato com os candidatos e informe-os sempre dos próximos passos, aconselha Anderson.
BUSCAR O EQUILÍBRIO ENTRE TECNOLOGIA E TOQUE HUMANO
Se sua empresa faz uso de sistemas de gestão de recrutamento, é bem possível que esteja deixando alguns talentos passarem. Mas Lawrence adverte que, se as contratações forem feitas usando apenas suas próprias redes de contatos, sem esses sistemas, como o ATS, por exemplo, você também pode acabar com uma fonte limitada e incompleta de candidatos. John K. Anderson acrescenta que vagas que requerem conhecimento específico exigem atenção humana extra para garantir que os recrutadores não ignorem aqueles que não usaram as palavras-chave corretas em seus currículos.
SER CRIATIVO
Ruff diz que as empresas devem buscar novas maneiras de encontrar candidatos, e não ficar presas aos mesmos sistemas antigos. “Não tenha medo das redes sociais. Deixe de lado o receio de se associar a outras para divulgar a sua. Eu, particularmente, adoro ver a presença de empresas em eventos virtuais”, afirma.
A atenção humana é muito importante no processo seletivo e, com criatividade, cuidado e pensamento estratégico, você certamente terá mais facilidade de encontrar os talentos ideais para sua empresa.
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