Camila Maccari, especial
Em tempos em que feminismo foi eleito a palavra de 2017 pelo dicionário americano Merriam-Webster, um time encabeçado pela jornalista Renata Brandão se une para criar um coletivo com conteúdo feito apenas por mulheres. Hysteria, braço da Conspiração filmes, da qual Renata é CEO, chega ao mercado trazendo duas frentes: a de produção de conteúdo e a de curadoria.
No site, dividido em três seções, é possível conferir séries originais como o programa Tudo, em que a atriz Maria Ribeiro fala sobre diversos temas, e coproduções como a segunda temporada da série online O Nosso Amor a Gente Inventa com Sarah Oliveira. Mais: toda semana você pode conferir um curta-metragem dirigido por uma mulher.
– A ideia é juntar tudo em um lugar, centralizar textos, vídeos e podcasts que, às vezes, acabam nem sendo acessados porque não circulam. A gente quer criar essa rede para que as mulheres tenham cada vez mais possibilidade e ferramentas para continuar criando – explica Renata.
A proposta que permeia o coletivo é a de que boas histórias sempre vão atingir seu público. E não é porque as mulheres estão à frente que as produções são exclusivas para elas.
– Dar o protagonismo é uma forma de sair da zona de conforto a que estamos acostumados. Queremos criar desde programas infantis a videogames, mas fazer isso a partir de um olhar de mulher, que ainda fica em segundo plano no mercado. A gente está pronta para fazer também campanha de carro, de whisky, de esportes, sabe?
Só vai mudar o olhar – diz Renata.
Quando explica que estão prontas para fazer qualquer coisa, em todas as etapas do processo, Renata chama a atenção para um fato. Por mais que o número de produções com protagonistas mulheres esteja crescendo (um levantamento feito pelo Centro de Estudo das Mulheres no Cinema mostrou que elas protagonizaram 29% dos longas de maior bilheteria em Hollywood), o percentual de quem fica do outro lado da câmera ainda é pequeno. Ainda em Hollywood, apenas 7% dos filmes de maior bilheteria foram dirigidos por mulheres. No Brasil, segundo a Ancine, no mesmo ano coube a elas 20% das direções do cinema nacional. Na publicidade, esse número é ainda menor: 15%.
– A gente vê essa configuração até em ambientes mais equilibrados em questão de gênero, e foi isso que nos deu o empurrão para criar o Hysteria. Principalmente no audiovisual, as mulheres acabam concentradas em algumas áreas ou levam muito mais tempo até serem consideradas sênior, por exemplo. A gente quer se juntar a todos os passos de bebês que estão sendo dados por aí e ajudar a fazer alguma diferença – afirma.
Segundo Renata, a rede que já se criou envolve mais de 500 mulheres para tocar diversos projetos – um deles, a série erótica Desnude, que vai passar no canal GNT, conta com um time com mais de 80 mulheres – desde diretoras a eletricistas e roteiristas.
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