Desfile para LAB. (Foto: Agência Fotosite) :: Elza Soares fala sobre prazer, violência doméstica e preconceito: “Quando ninguém tinha coragem de assumir sua negritude, eu assumi” :: Tombadora! Karol Conka dispara: “Vivemos um momento de desfazer padrões” :: Roqueira e agora mãe e apresentadora, Pitty afirma: “Meu ato revolucionário foi fazer o que realmente quero” :: Maria Gadú fala sobre família, feminismo e política :: Livro de filósofa americana debate a situação da mulher negra no mundo
A força dela transparece já no nome: IZA, assim mesmo, tudo em caixa alta. Dona de um estilão moderno e marcante, longas tranças e, claro, uma voz poderosa, a cantora de 26 anos é uma das promessas da vez.
Acaba de estourar com Pesadão, hit que figura entre as mais tocadas do Spotify, mistura de pop e reggae, em parceria com Falcão, da banda O Rappa. No currículo, que não para de crescer nos últimos meses, está uma elogiada participação no show do rapper CeeLo Green na mais recente edição do Rock in Rio. Neste mês, IZA também ganhou a missão de abrir o show do Coldplay em São Paulo – com direito a mimo de agradecimento assinado pelo próprio Chris Martin.
– Foi uma experiência surreal, especial, um sonho realizado – conta a cantora, em entrevista a Donna. – Sempre quis estar em um lugar como esse, fazendo aquilo que mais amo. E sabendo que estava lá com o aval do Coldplay e do Chris Martin, que teve a preocupação de me mandar um presente... Me faz ter certeza de que estou no caminho certo.
Ouça o hit Pesadão
O próximo passo é o lançamento de Dona de Mim, seu álbum de estreia, que deve chegar às lojas em dezembro. A exemplo de Quem Sabe Sou Eu, que foi trilha da novela Rock Story, da Globo, o disco carrega no DNA premissas do trabalho (e da vida) de IZA: muito girl power e, claro, visibilidade para a mulher negra.
A imagem poderosa da cantora se reflete também no visual. Cheios de informação de moda, os looks são assinados pela stylist Bianca Jahara, que faz questão de garimpar marcas bacanas da vez – como a gaúcha Också, que apareceu em uma das produções da cantora na SPFW. Quer mais? O flerte de IZA com a moda se estendeu à passarela da semana de moda paulistana, onde a cantora desfilou para a LAB, grife do rapper Emicida.
Mais entrevistas de Donna
No papo a seguir, IZA conta como passou a amar sua própria imagem e como reafirma (e transmite) força em sua música - além de sua relação com a moda e a beleza.
Você tem trazido a temática do amor próprio e do empoderamento para sua música, como em Quem Sabe Sou Eu. Como é ser inspiração para outras mulheres?
É muito bacana. Lembro a menina que fui e sei como é importante me ver nos lugares e me sentir representada. É ter uma mulher forte me dizendo todos os dias que eu posso e que quem sabe sou eu. Me sinto muito lisonjeada de estar nesta posição.
Ouça o hit Quem Sabe Sou Eu:
O que motivou você a abordar esses temas?
São coisas que acontecem na minha vida, as minhas vivências, o meu ponto de vista. É interessante saber que meu ponto de vista é uma questão atual, que precisa ser falada.
O título do seu álbum remete a autoconhecimento e força.
É exatamente isso que quis passar. Todas as minhas músicas falam de paixão, de amor, de sexo, de união. Todas corroboram esse título, que sou realmente dona de mim.
Neste mês, comemoramos o Dia da Consciência Negra. Como você vê a situação da mulher negra?
O que segue na minha lista é conquistar cada vez mais oportunidades para as mulheres negras.
A luta feminista é muito diferente da luta das mulheres negras porque são prioridades diferentes. São histórias diferentes, são vidas diferentes. Muito se tem conquistado, mas muito falta conquistar não só em prol da mulher, mas principalmente da mulher negra. Somos, sim, a população que mais sofre com homicídios, com preconceito, racismo e machismo. Cada vez mais, o que eu quero é conseguir oportunidades para que todas essas mulheres tenham um lugar de protagonismo também.
Você tem chamado atenção também pelos looks incríveis. Ajuda sua stylist Bianca Jahara a escolhê-los?
(Os looks) precisam ter a ver com o meu humor no dia em que vou usar aquela roupa. Estamos sempre mandando referências uma para a outra e pensamos muito parecido.
E sua relação com a moda?
Sempre curti bastante, mas a Bia ajudou a sofisticar o meu olhar e também a entender exatamente o que queria passar com as minhas roupas. Gosto muito (de estilistas como) Ben, João Pimenta. Amo a Apartamento03, Patricia Bonaldi, Wagner Kallieno e À La Garçonne.
Não há também como não falar de seu cabelão. Como você cuida?
Troco minhas tranças de dois em dois meses. Estou sempre fazendo hidratação nesses intervalos. As tranças são parte de mim agora, e fico muito feliz porque as pessoas me reconhecem por elas.
Você está concluindo o processo de transição capilar. Como foi essa decisão?
Foi muito natural depois de um processo de autoconhecimento. Depois que comecei a me olhar no espelho e amar o que estava vendo. Meu cabelo era parte disso também. Estou louca para colocar meus cabelos crespos, enormes e bem longos para todo mundo ver!
Você já contou que nem sempre foi bem resolvida com sua aparência. O que incomodava?
Incomodava a minha cor, o meu cabelo, as minhas formas. Hoje, entendo que tudo isso é muito lindo, sabe? Foi uma longa caminhada até entender que eu não precisava da aprovação da sociedade para me sentir bonita, desejada ou poderosa.
Quem são as mulheres que inspiram você?
Beyoncé, Rihanna, Elza Soares, Liniker, Donna Summer, Nina Simone... Elas me inspiram pela força e pelo papel que exercem na música.
Leia mais: